terça-feira, 30 de outubro de 2007

Ser Mulher, Sexo e Casamento, Putaria




Acabei juntando os 3 temas pra falar...
O que é ser mulher? Ser mulher é ficar atenta e não se deixar levar pelas coisas, calar quando as pessoas falam grandes baboseiras e não calar quando as coisas são serias. Ser desdobrável é isso ai, aceitar as coisas pra poder mudá-las sem se sacrificar mais que o inevitável. É conhecer seu corpo e respeitá-lo, principalmente quando ele não fala. E correr atrás do que você gosta independente do que a pessoas pensam, é procurar estudar mais que o necessário e explicar tudo explicadinho pra não ter duvida, e é querer ser mãe na hora certa, ter sua casinha, seu companheiro e uma vida feliz, quem sabe uma família, mas tendo sim um meio social, trabalho, pra se sentir útil pra sociedade.
Casamento e sexo:
Bom, eu não sou casada, e não tenho a mínima idéia do que seja sexo no casamento pra poder falar o que eu acho, mas acho que deve ser uma coisa sempre presente e procurar variar bastante, e não sei se é possível, mas ter uma proximidade cada vez maior com o parceiro quase que ser uma pessoa só no momento do sexo, saber o que ele gosta e não gosta, tentar entender o que esta faltando, não só pra ele, mas pra mim também. Eu quero casar sim, no sentido de ter um companheiro legal que participe da minha vida, goste de mim, seja bom de cama, goste do que faz, tenha uma condição legal pra que juntos possamos planejar a vida e seja uma pessoa tranqüila e fiel (opa! Não consegui sair do senso comum...). A verdade eh que ainda queremos sim ter alguém em quem confiar, que nos respeite. Alguém com quem se possa ter um filho, coisas assim, mesmo visando a carreira e ter um emprego legal, também queremos ter filhos e um maridinho bacana.
Putaria:
É valido, mas às vezes as pessoas ficam só nisso, acham que tem que trepar senão não são normais, que tem que ter vários parceiros diferentes porque isso é sinal de virilidade, que tem que ser modernos, ou mesmo que somos animais e temos que seguir nossos instintos... e nisso o contato com o corpo acaba se perdendo e com a perda do contato com o corpo, a gente se perde junto. Às vezes o que parece ser bom pro corpo não é bom pra mente (e pra gente). Às vezes o corpo sente mas o coração não, às vezes o coração sente mas o corpo não. E no meio disso tudo estamos nós, é um tiroteio. Deve ser costume de viver no Rio de Janeiro, viver no meio do perigo.
Ha de se ter muito cuidado... As vezes fico pensando que as pessoas bebem cerveja porque assim a sociedade diz, quando voce esta na night e diz que nao bebe todo mundo acha estranho. Alguem ja parou pra pensar nisso? Com o sexo é parecido? O que acham???

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ultimate Fight Blogger - Sexo Vs Casamento

Sexo e Casamento

Depois de uma geração de sexo, drogas e Rock'N Roll, Woodstock, vários filmes de pornochanchada da famosa boca do lixo, eu acho que a nossa geração está muito decente e com muito mais pudor.

Um fator incisivo nessa questão também é que a igreja católica vem perdendo muitos fiéis, mais a independência da mulher, vão contribuindo para falir a instituição do casamento. Antigamente a mulher divorciada era discriminada e perseguida pela sociedade, por mais que o motivo da separação fosse a traição do homem. Tudo isso junto resultava em um casamento muitas das vezes precipitado e com uma punição eterna. Apesar da civilidade humana, nós somos animais ainda e segundo os nossos instintos, fomos feitos para procriar. Eu quero ver um desses estudiosos convencer um leão de que ele só poderá ter uma leoa pelo resto da sua vida. Isso é uma questão até mesmo bíblica, pois existem várias passagens comando a poligamia. Abraão por exemplo teve duas mulheres. Tudo bem que uma era escrava e a própria mulher dele foi quem autorizou. Porém em nenhuma momento isso é visto como errado. O único fato que a bíblia repudia nesse caso, foi de que ele não confiou em Deus.

A região onde esse adolescente mora também é relevante, pois tive a experiência de morar em uma cidade pequena (Macaé), e lá percebi que os carinhas casavam muito cedo e também tinham filhos muitos cedo. Isso me assustava completamente, pois a cidade era velha. Velha no sentido de que os adolescentes amadureciam muito cedo e começavam a viver como velhos. Eu lembro que no trabalho pelo menos a metade da equipe era casada e tinha pelo menos um filho. Tinha um cara da minha idade que tinha dois e estava indo para o terceiro. A vida desses caras era trabalhar, mendigar todos os centavos possíveis para comprar fralda. Quando faziam o chá de fraldas para mim era uma tortura tendo um mês em específico que viajei na paranóia, pois tive uma baita prejú, então eu criei uma planilha com gastos de um recém nascido, comparado com os meus gastos. O meu cálculo não batia com o meu salário, cujo era o mesmo do cara. Perguntei então como é que o cara fazia, já que o meu cálculo foi feito baseado em um filho e o carinha estava indo para o terceiro. O mesmo me explicou mas não me convenceu. Indaguei-lo sobre a sua situação, e tive a resposta de que isso era o sonho dele, ter uma família e muitos filhos. Não acreditei nisso e fiz uma pesquisa. A resposta foi idêntica. Passei meses em um verdadeiro pesadelo e valorizando cada vez mais a velha e boa tv a cabo, hehehehehehehe. Mas no final de contas cheguei a conclusão que isso era influência da família mais a igreja. O que fazer em uma cidade pequena, onde todo mundo viu todo mundo crescer ou conhece desde a infância e se encontram na igreja? É isso mesmo, CASAR!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Putaria, casamento e mulheres.

Esses assuntos são coisas confusas pra mim. Como eu disse pra Natalia, não são coisas que eu costume pensar ou que façam parte da minha realidade, pelo menos, no campo filosófico da coisa. Mas vou tentar falar a respeito, ainda que de maneira sucinta.

 
 

Acho que o sexo virtual e toda essa putaria que vêm se espalhando por ai, é de alguma maneira saudável, e ajuda as pessoas a se descobrirem enquanto animais sexuais, altamente excitáveis e volúveis. Afinal, quem não fica todo aceso com um papinho mais quente?

 
 

Eu partircularmente gosto da prática de sexo virtual como um aperitivo para o sexo real. Pois pelo virtual é possível inserir algumas idéias que talvez fossem deixadas de lado, por timidez, ou falta de intimidade. Além do mais, acho que o sexo virtual é uma maneira de sedução, de conseguir deixar a outra pessoa interessada em provar o "real" da coisa e descobrir se é tudo verdade, ou se grande parte é só da boca pra fora.

 
 

Ainda nesse contexto, o sexo virtual é um atenuador de solidões, já que as vezes o sexo real está por algum motivo privado de acontecer. E não se tem nada mais intimo pra se fazer com alguém. Sei que há muito preconceito a respeito, e muita gente diz que quem pratica sexo virtual é tarado ou punheteiro. De minha parte acho que é algo saudável, que deveria ser visto como um adicional ao sexo normal e não um substituto ao mesmo. Ah, não que eu ache que ser punheteiro ou tarado seja algo ruim ;).

 
 

Saindo do virtual, pra entrar no real, e nas obrigações do sexo para com o casamento. Acho que isso tudo não passa de uma grande convenção, para evitar que as pessoas desistam de vez, de se casar. Hehe.

 
 

Nunca entendi bem essas "idéias". Pra mim, sexo é sexo, não tem nada a ver com casamento nem com amor. Embora fazer sexo sem sentir afeto ou pelo menos um tesão doido pela outra pessoa seja algo completamente impensavel pra mim. (Por esse motivo não consigo me dar bem com as prostitutas).

 
 

E agora deixando de lado essas coisas, pra entrar de pau na mulher. Digo que a mulher tem lutado não pra ser igual ao homem, mas pra tomar o lugar dele na sociedade. Não sou sexista, mas infelizmente pelo que entendo das coisas, a maioria das mulheres abre mão mesmo das "coisas boas" de ser mulher, pra poder sentir que tem liberdade de fazer o que quiser da vida, como ocupar cargos tradicionalmente masculinos.

 
 

Além disso, acredito que grande parte das mulheres seja machista. Afinal, a mulher é sempre a primeira a "masculinizar" idéias, ou recriminar o comportamento de outras mulheres como "não adequado".

 
 

Em resumo, acho que em breve teremos seres assexuados lutando por cargos e por tomar decisões, ao inves de termos mulheres sensiveis, mas com personalidade. E homens masculos, mas com sensibilidade. Alías, em muitos casos já é dificil separar o que é masculino ou feminino. Se bem que no fim das contas, isso talvez não seja um problema. -_-'. Não sei bem.

domingo, 21 de outubro de 2007

Meme da página 161

Bem, fiquei sabendo no blog do Sérgio Léo, que a nova mania da blogosfera é uma brincadeira (chamada meme), e que o mais novo meme é colocar no blog a quinta frase completa da página 161 do livro que estiver mais perto de você, e repassar isso a outros cinco blogues. `
Meme da página 161
1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abra-o na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.
Ressalto que não concordo com esse termo frase, pois, segundo o Evanildo Bechara, na Moderna Gramática Portuguesa, frase só é frase quando não tem relação predicativa, então só seriam frases coisas do tipo: Choveu muito! Vamos logo! Ande rápido!
Mas, como a brincadeira já foi feita assim, sugiro que se escolha o quinto período, que é o espaço entre uma pontuação e a letra maiúscula inicial do próximo período.
O meu período eu tirei do livro Enterrada Viva, A biografia da Janis Joplin, de Myra Friedman, e é:
"Talvez fosse mais do que isso: era claro que o que havia entre eles ativava os tortuosos pólos da natureza íntima de Janis."

Postem aí nos comentários as quintas "frases" de vocês!!!!

Flexibilidade.


Outro dia escutei uma entrevista no rádio, a picicóloga estava dizendo que os divórcios se tornaram mais frequentes quando o amor entrou no casamento. Isso fez o maior sentido pra mim. Antigamente se você era um bom marido, atencioso, provedor e trabalhador, não existia motivo para separação, igualmente a esposa prendada, carinhosa e compreensiva era tudo que um homem queria em casa. O casamento era baseado em tolerância.


Hoje em dia não. Hoje existe o amor, a mulher tem que se sentir amada e gostosa, o homem tem que escutá-la com carinho e elogiá-la sempre, reparar que ela cortou o cabelo (mesmo que tenha sido apenas um dedo), que está usando uma roupa nova, ser compreensivo nos dias de TPM, e por aí vai... A mulher por sua vez tem que compreender o marido saber que na hora do jogo de futebol ele não quer papo, que às vezes tudo que ele precisa é uma cerveja com os amigos, principalmente nos dias de TPM dela. Precisa apimentar o sexo e deixá-lo sempre realizado. Resumindo, os dois têm que se sentir felizes e realizados.


Como Física não posso deixar de notar que as variáveis antigas e novas são conflitantes e somadas impõem ao sistema uma complexidade muito difícil de ser resolvida. Por isso acho que os relacionamentos que dão certo hoje em dia são fruto de acordos, com menos variáveis, e préviamente estabelecidos. Que juntam algumas variáveis antigas e algumas novas, com muita tolerância.


Conviver é uma arte dificílima, que exige muita paciência e amor. Não o amor que tem que ser demonstrado e declarado a todo instante, mas o amor que está presente e faz a diferença na hora de perdoar e se colocar no lugar do outro, que quer ver o outro sempre satisfeito, mesmo que abrindo mão de certas coisas importantes.


As pessoas estão se tornando cada vez mais egoístas, não que isto seja ruim, querem fazer tudo na hora certa, na sua hora. Escuto as mulheres falando, quero engravidar aos trinta, quero comprar os móveis na Tok Stok, uma cama King Size no estilo japonês. Os homens por sua vez querem liberdade e diversão, nenhum compromisso por enquanto quero me divertir muito antes, comprar uma moto.... É tudo muito contraditório. Será que é possível fazer tudo que você quer fazer antes do casamento? E depois do casamento agir como casal? Um casal precisa agir como casal e só ter objetivos em comum?


Não sei... Namoro há 5 anos e estes questionamentos estão sempre presentes, como mulher desdobrável de hoje em dia, quero uma combinação de variáveis específica, que não é necessariamente a mesma do meu parceiro. Mas acima de tudo o amo e não quero abrir mão da presença dele na minha vida por nada. Será que dá para conciliar? Não sei... O que sei é que enquanto tivermos momentos felizes e maravilhosos, mesmo que permeados de momentos de controvérsia e divergências resolvidas, eu quero continuar. Seria este o tipo de união que me faz bem, e que vai funcionar eternamente enquanto durar? Se for, ótimo é tudo que eu quero.


A coisa boa de hoje em dia pra mim é isso. Flexibilidade. Se você não quer o casamento daquele jeito pré estabelecido, e tem uma boa idéia e alguém pra compartilhar, tem tudo que precisa. Mas importante que os papéis do casamento é o acordo entre quatro paredes. Quando o casal escolhe suas variáveis e diz o que é tolerável e o que não é. Cada um sabe até onde pode ir e que não TEM que fazer nada que não quer.

sábado, 20 de outubro de 2007

Gente, não sei se vocês perceberam, mas eu procurei um tema relacionado ao anterior, ou um sub-tema, para que vocês possam responder junto, se quiserem... Já que a frequência têm sido baixa, quero facilitar o trabalho :- p

Risco de Putaria




Cartoon de Alberto Benett


Escrevi sobre putaria hoje no meu blog pessoal, e este tema me levou a achar uma interessante definição para a palavra putaria, e me fez pensar também na minha coleção de livros eróticos e pornográficos.


Leiam os textos abaixo, e me digam qual a importância da putaria, do erotismo e da pornografia na vida de vocês, vocês se sentem bem num mundo liberado sexualmente? Vocês se sentem bem em falar de sexo, pensar em sexo? Vocês já experimentaram outras formas de putaria? A dois, a três, em grupo, virtual, pagando? O que vocês consideram ser risco de putaria? Vocês conseguem fazer outra pessoa gozar com palavras? O que te faz ter um orgasmo, mesmo não sendo nada físico?


"Putaria: (sm) correr o risco de, substantivo. Adjetivo: putar, estar em estado de, zonear, cornear, folhear revista de, advérbio sem noção de sexo. Meter o dedo, o membro, a língua, a boca, a mão, o pé, um objeto em orifício pessoal ou de outrém(ns), ter um ou mais dedos, membros, línguas, bocas, mãos, pés ou objetos metidos em seus orifícios ou de outrém ou ainda provocar orgasmo por relato, descrição, conto ou mnemônico de cognição virtual ou fraterna que faça com que a própria pessoa, ou outrém goze, seja no momento presente, passado, futuro, online, offline, síncrono ou assíncrono."


"Etimologicamente, erotismo deriva de Eros, o deus do amor; pornografia deriva da palavra porno, que designa a prostituta. São realidades qualitativamente diversas. O erotismo é a espiritualização da carne e sua conversão em cultura; No meramente obsceno, a carne permanece tristemente encerrada em sua imanência e a pornografia é o signo objetivo do fracasso em transcender essa imanência. Ao contrário, a transcendência é a dimensão natural da literatura erótica."


"Existem basicamente duas maneiras de transcrever um sexo virtual pela internet:
Criando uma história, ou uma fantasia. As duas ou mais pessoas, contribuem para criação de um cenário onde ocorre o sexo virtual, este cenário existe apenas nas suas mentes. Geralmente uma pessoa escolhe aquela fantasia que lhe proporciona mais prazer. Isso aproxima muito a masturbação simples do sexo virtual, quase que botando a outra pessoa apenas na posição de narrador.
Descrevendo fatos ou a situação presente. É muito comum a idéia de voyerismo, em que se tem acesso a informações íntimas de outra pessoa. A descrição de um fato, seja primeira relação sexual ou uma experiência diferenciada, é muito próxima da fantasia. Já uma descrição da situação no momento da conversa, pode dar a possibilidade da interação, quando uma pessoa diz a outra o que imaginar, ou fazer."



Vamos escrever gente, conto com vocês, não vamos deixar o blog parado, ok?

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Ahhh, o sagrado matrimônio!


“Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.”

Toda vez que se discute casamento ou religião normalmente eu lembro dessa frase genial do Machado de Assis, e como um colecionador compulsivo de citações, não vejo outra maneira mais interessante de começar além de pegar emprestadas algumas palavras de alguém mais safo do que eu, nesse caso em particular, alguém grosseiramente mais safo.

É estranho tentar pensar em sexo e casamento dentro do mesmo contexto hoje em dia, considerando que atualmente os dois dependem ou se correlacionam tão pouco em relação ao nosso nem tão remoto passado. A não ser, talvez, se pensarmos no primeiro como uma das poucas obrigações conjugais ainda agradáveis.

Enfim, sou solteiro, nunca me casei até hoje, e não tenho planos para fazê-lo tão cedo.

Este com certeza é um dos clichés coletivos do qual faço questão de ser parte, e sem grandes surpresas não tenho nenhuma justificativa muito diferente da maioria, antes de algo tão definitivo quero mais diversão, mais carreira, mais independência, mais tempo, e por aí vai.

Sendo assim, qualquer coisa que eu diga sobre o tema não é nada além da minha visão especulativa sobre o tema, ou seja, apenas um pedaço das minhas expectativas pessoais em cima de uma coisa que nunca experimentei, e atualmente não tenho vontade de experimentar. Afirmo isso simplesmente pra exemplificar a constatação estranha de que o casamento assim como várias outras coisas é uma daquelas em que as pessoas desde muito cedo já tem uma opnião formada sem ter experimentado ainda.

Estranho, mas por outro lado bem óbvio. É um rito de passagem. E como a maioria dos paradigmas, não necessita de nenhuma razão muito lógica pra sustentar sua própria necessidade ou importância, já que “sempre foi assim” não nos parece estranho que algumas pessoas passem boa parte de suas vidas planejando ou fantasiando sobre o próprio casamento antes mesmo de se casarem, e em alguns casos sem nem mesmo conhecer ainda o companheiro dessa empreitada originalmente programada para até que a morte separe o casal ainda inexistente. O que talvez até seja uma preocupação um pouco desnecessária considerando que a morte seja a menor das causas de uma separação hoje em dia.

De qualquer forma, por mais que já tenhamos nossas opniões formadas sobre o casamento nos moldes que conhecemos, algo que não se pode negar é o nível de importância que todos nós atribuímos a ele. Fatalmente qualquer adulto normal ou não já pensou no assunto, seja para considerar ou abominar a possibilidade.

Por isso até, não é raro que eu dê um pequeno sorriso sarcástico quando alguém me fala que fica surpreso com o número de divórcios atualmente.

Será realmente que o fim de tantos casamentos hoje em dia é causado por todas essas razões dramáticas que as pessoas tradicionalmente costumam desenhar como a degradação da família, a banalização do sexo, e qualquer outro hábito moderno mais controverso?

Eu acredito simplesmente que nos tornamos mais práticos do que nunca, talvez não práticos o suficiente, mas considerávelmente mais do que no passado.

No passado se você fazia uma escolha errada, teoricamente tinha que conviver com essa escolha até que um dos dois morresse (ou matasse o outro). Assim se evitava um bocado de gente execrando o casal publicamente apenas por ter feito algo que muitos em situação similar não tinham coragem de fazer. Delicadamente aplicar um pontapé pra longe no cônjuge e partir pra outra.

Curiosamente hoje em dia as maiores preocupações universais após um divórcio são: Arrumar um bom advogado e procurar o bar mais próximo se não foi você que deu o pontapé.

A despeito de qualquer consideração, o casamento é um contrato entre duas partes, contrato este que envolve entre outras coisas os filhos, cachorro, e patrimônio do casal. Tudo isso regido por suas respectivas cláusulas de conduta e ideais de comportamento a serem seguidos ou não enquanto durar.

É compreensível e natural que algumas pessoas queiram formalizar as coisas a fim de assegurar uma existência mais pacífica caso essa união eterna venha a expirar antes da hora.

Porém se do contrário, não encarássemos o casamento ainda como algo tão sagrado, (o que não é) e se talvez toda a ritualística e tradição que envolve o ato não confundisse tanto a cabeça das pessoas poderíamos ver o casamento como algo menos definitivo, ou simplesmente manter uma visão mais realista do ato de se juntar à alguém como uma opção e não como uma obrigação social. Mas considerando tantas variáveis, vai saber...

Não sou contra o casamento, e até acho que pode ser uma coisa muito bonita quando dá tudo certo dentro dessa expectativa/fantasia que as pessoas criam sobre o mesmo. Afinal quem sou eu pra dizer que o sonho de alguém é certo, errado ou fútil.

Acredito em uniões estáveis, duradouras e felizes, apesar de não necessariamente terem de ser eternas. Se forem ótimo. Se não, bola pra frente.

Só não sei como toda a papelada, choradeira de parentes e um cerimonial meio sacal possam ter alguma coisa a ver com viver e conviver com alguém. E muito menos o que isso pode ter a ver com sexo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Um contra-senso de saias...


Estava meio na dúvida de como começar sobre o penúltimo tema proposto, e lembrei de um texto que li hoje cedo em uma coletânea de crônicas do Veríssimo que peguei emprestado esses dias, e assim resolvi seguir o ritmo e também pegar emprestado o início genial do texto.

Dizia o Veríssimo: “Quando estivermos com dificuldade para começar uma crônica, devemos apelar para um velho provérbio Chinês. Quando não tivermos um velho provérbio Chinês para começar uma crônica, devemos inventar um”.

Pois lá vai um que achei bem interessante e que acredito ser o que eu procurava para começar "Não se deve ser forte. Há de se ser flexível".

Assim penso no que de fato representa o novo perfil das mulheres modernas, quantas novas e velhas contradições ainda as acompanham, mas no final a única coisa que me vem a cabeça é por que algumas mulheres insistem em achar válido ser como os homens em alguns aspectos. Não me entendam mal, não afirmo isso por achar que uma mulher não tenha o direito de se comportar de forma similar a um homem, mas sinceramente por que elas iam querer isso? Não entendo bem.

No meu ambiente de trabalho vejo algumas coisas bem peculiares, por exemplo quase toda semana vejo alguns caras mais velhos e mal casados reclamando que a mulher não entende o que é trabalhar igual um corno todo dia, receber ligação toda madrugada, não ter tempo de ficar com os filhos ou com ela e etc.

Lembro uma vez de uma conversa que ouvi no café de uma empresa que eu visitava, um cara falava pro outro “Queria ver ela segurar uma semana aqui no meu lugar”. Estava acabando de pegar o café e enquanto ia fumar um cigarro na sequência fiquei pensando nas mentiras e histórias que a gente conta pra si só pra justificar algum comportamento que sabemos ser censurável.

Verdade que qualquer pessoa não condicionada a uma vida stressante provavelmente iria surtar com uma semana de vida em ritmo grotescamente mais acelerado que o normal. Mas isso por um acaso o torna válido ou recomendável?

Acho salutar e natural ter mulheres em cargos de chefia ou de maior influência. Mas acho censurável que muitas sigam a receita que para tal deva se ter um comportamento mais parecido com o masculino, ainda mais quando no pacote são incluídas algumas falhas de caráter muito peculiares aos homens.

Nada pior do que um chefe muito agressivo, ditatorial ou intransigente, e na minha humilde opnião isso fica ainda mais feio na figura feminina, pois destoa do esperado e acaba causando mais reações negativas do que com os homens. Não que devaria ser assim, mas simplemente é assim.

Lembro de uma executiva que conheci alguns meses atrás. Fui visitar um cliente para uma reunião de fornecedores, onde são reunidos alguns representantes de todos os provedores de serviço para uma reinião periódica na sede do cliente. Estava eu sentado lá em uma mesa de reunião gigantesca e lotada, olhando o projetor e preocupado com os meus slides e me acostumando ao desconforto de ter que estar usando terno para completar a fantasia de sério, ao lado de mais uma turba de gente dentro das suas respectivas fantasias.

Cada um com seus crachás e broches com o logo de suas respectivas empresa pendurados em alguma parte da roupa, brigando para passar uma imagem de mais ocupado e stressado do que o outro, mais da metade falando no celular enquanto batucava alguma coisa no notebook esperando a reunião que não coneçava. Confesso que me divirto em observar essas peculiaridades ridículas do mundo corporativo.

Pois bem, ao contrário das reuniões anteriores o executivo do cliente que iria presidir a reunião era uma mulher. Apesar de não ser comum, também não era tão incomum e no final das contas não fazia nenhuma diferença, pensei.

Grande erro, fez uma grande diferença, e muito positiva. Após as apresentações de cada empresa, estávamos começando o tradicional debate das idéas propostas naquele tranquilo clima de tribunal do santo ofício.

Ao início das rotineiras trocas de acusações entre os participantes a nova executiva com poucas e delicadas intervenções desfez o clima competitico de forma suave e natural, como uma mãe que chamava a atenção dos filhos. Dura, mas ainda assim carinhosa. Da forma que somente uma mulher poderia fazer. Pra ser ainda mais piegas, reconheço que no final da reunião saímos todos nos cumprimentando e sorrindo mais do que de costume.

Após esse episódio fiquei pensando em todas as vantagens naturais ao próprio gênero que algumas mulheres ignoram para serem mais parecidas com os homens, quando poderiam simplesmente trazer suas diferenças para uma abordagem diferente e mais interessante do tradicional.

O contra-senso disso tudo é que mesmo vivendo em tempos em que os direitos iguais entre homens e mulheres já foi garantido a pelo menos uma geração, ainda é mais difícil para uma mulher ocupar um cargo nos altos escalões e ter salários e benefícios compátiveis com os homens

Mas a que preço os homens muitas vezes tem essas vantagens? Sacrificando partes consideravéis de suas vidas particulares que muitas mulheres dificilmente abririam mão, e que de fato não devem abrir mão, pelo menos não somente em troca de dinheiro e um plano de carreira.

À parte do papo pseudo-zen-executivo e seus derivados, acredito que o meio termo seja muito mais saudável do que os extremos tanto aos homens quanto para as mulheres, e isso as mulheres encaram com muito mais naturalidade do que nós homens. e a muito mais tempo. Essa flexibilidade soa mais normal com elas.

Hoje mais do que nunca não somente as mulheres avaliam opções por uma vida menos stressante, os homens também buscam alternativas, até por que em uma realidade onde os dois sexos ocupam quase os mesmos postos de trabalho não é surpreendente que tenham dificuldades e desejos em comum.

Nós só estamos buscando o que a maioria das mulheres já vem praticando muito antes de nós. Como se equilibrar entre a vida profissional e a particular sem desfavorecer demais um lado, reconhecendo que fatalmente o lado que pesar mais tende a prejudicar o outro.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Sexo e Casamento


De acordo com o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, os homens entre 18 e 25 anos afirmam ter 4,2 parceiras sexuais durante um ano. Parceira sexual é mais do que uma transa de apenas uma noite, é alguém com quem o encontro teve alguma seqüência. Já as mulheres dizem ter 1,6 parceiro sexual anualmente. Se imaginarmos que essa garota começa a vida sexual aos 15 anos e se casa aos 27, ela poderá ter 19 parceiros até trocar alianças. Um quadro bem diferente do passado. Quarenta anos atrás, a moça transava pela primeira vez aos 22 anos com o namorado com quem se casaria ou, no máximo, com alguém que imaginasse ser o príncipe encantado que a levaria ao altar. Segundo os especialistas, nunca em nenhuma época da era contemporânea o sexo esteve tão desvinculado do casamento.

O curioso é que essa geração nasceu e/ou cresceu diante da propagação da Aids, mas a doença não pôs um freio na multiplicidade de parceiros, como se imaginava. O jovem domina plenamente os meios contraceptivos – embora nem sempre os utilize corretamente – e a liberdade sexual cresce de forma avassaladora. “Foi mal veiculada e mal captada a mensagem sobre a Aids. Enquanto se divulgava “não transe sem camisinha”, a garotada entendia “use o preservativo e faça sexo”. Foi um convite para o sexo sem preocupação”, opina Carmita, da USP.

O ambiente erotizado da juventude de hoje favorece essa ebulição sexual. No fim dos anos 80, a nudez nas novelas e a genitália exposta no Carnaval arrepiavam muitas famílias e geravam polêmica. Hoje, ambos ganham closes cada vez mais ousados na tevê. Na internet, o jovem encontra sexo protegido, de fácil acesso e, por meio dela, também agenda encontros. Mais: para dar o toque de fantasia, uma conotação festiva, a esse encontro, pode recorrer aos sex shops, que deixaram o submundo e estão cada vez mais visíveis nas esquinas das grandes cidades.

Com tantas possibilidades, não passa pela cabeça dessa juventude unir-se a outra pessoa para ter atividade sexual ou se libertar dos pais, como ocorria antes. Com isso, o casamento deixou de ser a espinha dorsal em torno da qual se desenha uma trajetória. A jornalista paulista Denise Molinaro, 31 anos, recebeu cinco pedidos de casamento (aos 19, 22, 26, 27 e 30 anos) e recusou todos. “Quero casar somente depois dos 32”, afirma ela. “Minha mãe fica horrorizada, mas sempre pensei assim. Tenho de crescer profissionalmente, viajar, conhecer lugares e pessoas antes.”

Psicoterapeuta e professora titular em relações de gênero da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Noeli Montes Morais é autora do livro Fica comigo para o café da manhã, que nasceu da tese de doutorado Sapos não viram príncipe, defendida por ela. “Percebi que a mulher entre 20 e 30 anos, após uma noite de amor, queria que seu parceiro ficasse para o café, mas não necessariamente para o almoço”, diz Noeli. “Significa que deseja uma relação estável até certo ponto. Porque não tem a expectativa de que o casamento, o amor se perpetuem para sempre.” Para a psicóloga Márcia Bittar Nehemy, da PUC, o jovem está reinventando novas fórmulas de manter vínculos com outras pessoas. “Quando ele diz que não quer casar, foge, na verdade, do modelo de casamento tradicional, aquele que oprime, usurpa, dá direito à herança e à divisão de bens materiais”, afirma ela, especialista em sexualidade humana. “Mas viver aos pares é visceral, algo acima da racionalidade de não querer se juntar a alguém.”

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Ser mulher, o Ser-mulher!


Acho que eu não sou a pessoa mais indicada para falar deste assunto. Ser mulher para mim, desde sempre, foi uma coisa difícil! Minha cabeça foi sempre predominantemente masculina, sempre fui meio macho na maneira de pensar! Essa coisa de ser feminina, delicada, indefesa, nunca foi meu forte. Embora eu tenha dias de sim, dias de não, como todo mundo!
Trabalho desde os quinze anos, e não me imagino sem trabalhar! Sonho em ser mãe, mas não me sinto com estrutura para isso! Sou péssima dona de casa, e conto com a possibilidade de ter sempre alguém pra me ajudar. Sozinha, não faço nada! Mas sei mandar fazer... Isso a gente vai aprendendo.
Para mim, ser mulher com vinte e poucos anos é como ser homem. Não vejo diferenças, não vejo brigas, não vejo ninguém querendo ser afirmar. A luta já foi feita, e nos foi entregue de bandeja. Hoje, nós mulheres de vinte anos, podemos nos dar o luxo de abrir mão de tudo que outras mulheres conseguiram para podermos nos dedicar à casa e à família, se assim quisermos, e muitas o fazem!
Me lembro que eu tenho um amigo com quem eu combinei quando criança que se não tivéssemos filhos até os 30 anos, nós teríamos um filho um do outro. Há uns quatro anos atrás a gente já mudou a idade para 35, e cada vez mais eu não tenho tanta certeza de que terei filhos aos 35.
O casamento e a maternidade com certeza estão ficando em segundo plano para muitas mulheres de vinte e poucos anos. Talvez seja pela mudança do mundo, talvez seja pelo acúmulo de tarefas, mas é difícil imaginar que há poucas décadas atrás quem passava dos vinte sem casar, já estava ficando pra titia...
Não sei bem se vai ser assim, mas tenho quase certeza de que a maternidade vai ficar pra mim como coisa dos trinta e muitos anos...
Mas eu espero que ela venha na hora certa!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Apresentando...

Seguindo o protocolo de apresentação dos partícipes, venho eu falar de mim: Meu nome é Deborah Tavares (pra resumir um nome enorme) e já estou fora dos 20 e poucos a saber: 28 são 20 e muitos. rs

Sou funcionária pública e vivo buscando outras atividades, talvez numa tentativa desajustada de negar minha veia burocrática, talvez para equilibrar minhas atividades estáticas com a efervescência do resto do mundo, talvez os dois, talvez nada disso...

Sonhadora, passional, com dificuldade de desapegar das pessoas e de certos momentos da vida tais como a infância. Meu comportamento infanto-juvenil me condena como eterna vivente da Terra do Nunca, lugar de fuga do mundo cão cheio de incertezas e dúvidas e dívidas e outras coisas de gente grande.

Sempre fui metida a fazer várias coisas. Há um ano me meti a ser esposa e, em breve, pretendo cair de cabeça na maternidade. Amo minha família, meus amigos, minha casa e o lugar onde trabalho. Amo ler, ouvir música e escrever. Espero poder escrever com freqüência aqui, só não dou certeza porque ultimamente ando metida a workaholic. :(

Mulher é desdobrável, eu sou...


Em 1975, aos 40 anos, Adélia Prado escreveu:

Com licença poética


Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Depois de muitas lutas, algumas hipotéticas, outras veladas, as mulheres conquistaram seu espaço. Quero propor que a gente discuta aqui se isso é válido, ou seja, é realmente necessário que a mulher brigue para ter uma posição igual a dos homens? Há um movimento hoje em dia ao contrário. Mulheres de vinte e poucos anos têm largado a carreira para se dedicarem à casa e aos filhos, para depois retomá-la claro. Nossa geração aprendeu a ser ativa, não consegue ficar parada.
O Tema desse mês então é a mulher, seu papel na sociedade de hoje, seus anseios e necessidades. É bom saber o que os homens acham também...

Mãos à obra, vamos escrever pessoal!!!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

antes tarde do que Lucas


"Senti o meu, o teu, o deles

Senti e vi nossos corpos, animados por nossas almas

De certa forma éramos uma alma só

Alma de criança que brinca, chora, assusta, faz manha e pirraça"

"Criança que quer atenção. Criança que brinca com todo mundo. Criança que não brinca. Criança que brinca só."

Lucas era um cara assim, não gostava muito de se abrir, guardava algumas coisas porque via que as pessoas tinham problemas tão maiores que os dele eram pinto, o que de certa forma foi muito bom, assim, ele mesmo parava de pensar nos problemas dele como problemas, mas sim como coisas que vão, passam, acontecem e desacontecem.
O que acontece é que Lucas percebeu que faltava alguma coisa, ele já cuidava de si, aprendeu meditação e outras praticas. Sentindo-se cada dia mais livre. Um dia, puft! Tudo parou... Ele começou a ficar meio chateado de novo, borocoxo, pensando nos problemas...
Ate que uma amiga o convidou para uma nova experiência. Ela o convidou para um lance doido ai de uma roda, com um nome estranho. Ele confiou, afinal essa amiga nunca o colocava em roubadas, alias, ela tem é muito bons palpites.
E lá foi ele de sopetao, caiu no meio de uma sala com o piso de madeira. As paredes eram de tijolo, daqueles antigos sabe? Quando abriram a porta, no entanto, não foi isso a primeira coisa que ele viu. Ele viu mesmo um monte de gente jogada no chão, rastejando, se mexendo, fazendo movimento ao deus dara. Imediatamente ele quis se jogar naquela madeira toda, a sala era grande e tomada de gente, de corpos vivos, muito vivos. Ele se jogou ali também. E ali ele viu que na verdade, no momento em que ele escolheu se jogar naquele chão, que ele resolveu somente ir, deixar levar por si mesmo, ele percebeu também que a sala já não era sala, que as paredes já não pareciam estar lá. Ele sentiu seu corpo, mas ao mesmo tempo seu corpo não estava ali, porque o que ele julgava ser ele mesmo já não estava ali também. Ai ele foi percebendo que ele era muito mais, que seu corpo fazia todo o sentido do mundo, mas que ao mesmo tempo desaparecia nas ações e diante de tantos corpos entrelaçados. Mesmo quando ele não estava ali no bolo de pessoas emboladas, que riam, emitiam sons, pulavam; ele observava e ele estava lá também. E ai, quando a vontade não podia agüentar mais, ele se jogava num movimento, qualquer um, com as pessoas, sem as pessoas, consigo mesmo.
foram 4 horas de Lucas sem Lucas, e de Lucas com uma coisa assim, mais Lucas sabe? Então Lucas viu, sentiu, percebeu, que ele já nem era mais tão Lucas, nem mais tão importante. E entendeu o que faltava. Lucas sentia falta, falta de ser quem ele sempre foi, quem ele era quando ainda não falava, não julgava, brincava e fazia sons esquisitos, se jogava no chão, fazia manha e não ligava pra o que os outros pensavam. Esse era o Lucas que ele queria ser e isso era o que lhe estava faltando.


"Quero me embrenhar nos seus cabelos cheirosos

Para sentir a sua vibração que vibra como a minha,

Mas é diferente...

Quero acariciar seus cabelos cheirosos

E sentir de novo que sou bem vinda

Quero ser bichinho, criança, pássaro, carinho

E só lembrar do cheiro dos seus cabelos emaranhados com os meus"