quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Casamento


Ana era uma mulher sem muitos princípios.
Quando foi pedida em casamento, seus olhos se iluminaram, sua vida se tornou fértil e propensa a dar certo de uma hora pra outra. Seus gestos se amainaram, suas roupas alongaram, seu jeito ficou calmo e suas palavras mais requintadas.
Além de fácil ficou falsa.
Toda mulher, por mais fácil que seja, sonha em ser querida, amada, pedida e desejada. Toda mulher sonha em pegar o buquê da noiva, rouba um bem-casado com esperança e faz simpatias em noite de ano novo.
Todo homem quer casar pra ter uma esposa de brinquedo, um bibelô pronto a esperá-lo e aguentá-lo até altas horas com uma desculpa qualquer.
Ana estava disposta a isso. Estava cansada da sua vida fútil, sem sentido. Disposta a cozinhar, lavar, passar, arrumar o dia inteiro e estar fresca e límpida à noite, como se nada tivesse feito, para que o seu homem se dispusesse dela como bem entendesse.
Esperava em troca somente algum carinho e pouca compreensão.
Mas Ana era uma moça sem princípios.
Passado o primeiro ano, o pouco carinho acabou, e a compreensão, que na verdade nunca existiu, estava longe demais para ser alcançada.
Ana ficava na janela martelando consigo mesma... Vou dar pro primeiro que passar, só de raiva. Na esquina sempre estava seu vizinho, Martim. Homem sério e gostoso, era o que importava.
Martim passava todo dia às seis horas na janela. E todo dia Ana estava ali para vê-lo passar.
_ Bom dia, Senhor Martim!
_ Bom dia, Dona Ana!
Os dias se passaram, até que Dona Ana teve coragem para chamá-lo para um café.
Muitos cafés depois, Dona Ana disse:
_ Bom dia, Senhor Martim! O que o senhor acha de entrar, tomar um café e depois me comer alucinadamente?
O senhor Martim nem precisou responder. Se embola no fogo de dona Ana sempre que consegue um tempo livre.
O marido de dona Ana vive feliz pelas ruas, e se gaba aos amigos de ter domado a fera que é a mulher...

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

tempo em fatias

Sobre esse assunto de final de ano, sempre bom lembrar o texto do Drummond. Posso estar sendo repetitiva, talvez vocês o conheçam de cor, talvez o leiam todo final de ano, talvez não.

Eu, desde que o conheço, penso nele todo fim de ano. E neste, ainda, penso mais, pois com a apresentação da monografia no começo de dezembro serei uma moça formada, e pela primeira vez na vida estudar não será a minha "maior obrigação". Uma situação bem típica dos vinte e poucos anos: procurar uma atividade remunerada que seja agradável, prazerosa, dê dinheiro e perspectivas!!!!!!!

TEMPO EM FATIAS

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar nolimite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar eentregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para diante vai ser diferente

Carlos Drummond Andrade

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Ser Mulher, Sexo e Casamento, Putaria




Acabei juntando os 3 temas pra falar...
O que é ser mulher? Ser mulher é ficar atenta e não se deixar levar pelas coisas, calar quando as pessoas falam grandes baboseiras e não calar quando as coisas são serias. Ser desdobrável é isso ai, aceitar as coisas pra poder mudá-las sem se sacrificar mais que o inevitável. É conhecer seu corpo e respeitá-lo, principalmente quando ele não fala. E correr atrás do que você gosta independente do que a pessoas pensam, é procurar estudar mais que o necessário e explicar tudo explicadinho pra não ter duvida, e é querer ser mãe na hora certa, ter sua casinha, seu companheiro e uma vida feliz, quem sabe uma família, mas tendo sim um meio social, trabalho, pra se sentir útil pra sociedade.
Casamento e sexo:
Bom, eu não sou casada, e não tenho a mínima idéia do que seja sexo no casamento pra poder falar o que eu acho, mas acho que deve ser uma coisa sempre presente e procurar variar bastante, e não sei se é possível, mas ter uma proximidade cada vez maior com o parceiro quase que ser uma pessoa só no momento do sexo, saber o que ele gosta e não gosta, tentar entender o que esta faltando, não só pra ele, mas pra mim também. Eu quero casar sim, no sentido de ter um companheiro legal que participe da minha vida, goste de mim, seja bom de cama, goste do que faz, tenha uma condição legal pra que juntos possamos planejar a vida e seja uma pessoa tranqüila e fiel (opa! Não consegui sair do senso comum...). A verdade eh que ainda queremos sim ter alguém em quem confiar, que nos respeite. Alguém com quem se possa ter um filho, coisas assim, mesmo visando a carreira e ter um emprego legal, também queremos ter filhos e um maridinho bacana.
Putaria:
É valido, mas às vezes as pessoas ficam só nisso, acham que tem que trepar senão não são normais, que tem que ter vários parceiros diferentes porque isso é sinal de virilidade, que tem que ser modernos, ou mesmo que somos animais e temos que seguir nossos instintos... e nisso o contato com o corpo acaba se perdendo e com a perda do contato com o corpo, a gente se perde junto. Às vezes o que parece ser bom pro corpo não é bom pra mente (e pra gente). Às vezes o corpo sente mas o coração não, às vezes o coração sente mas o corpo não. E no meio disso tudo estamos nós, é um tiroteio. Deve ser costume de viver no Rio de Janeiro, viver no meio do perigo.
Ha de se ter muito cuidado... As vezes fico pensando que as pessoas bebem cerveja porque assim a sociedade diz, quando voce esta na night e diz que nao bebe todo mundo acha estranho. Alguem ja parou pra pensar nisso? Com o sexo é parecido? O que acham???

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ultimate Fight Blogger - Sexo Vs Casamento

Sexo e Casamento

Depois de uma geração de sexo, drogas e Rock'N Roll, Woodstock, vários filmes de pornochanchada da famosa boca do lixo, eu acho que a nossa geração está muito decente e com muito mais pudor.

Um fator incisivo nessa questão também é que a igreja católica vem perdendo muitos fiéis, mais a independência da mulher, vão contribuindo para falir a instituição do casamento. Antigamente a mulher divorciada era discriminada e perseguida pela sociedade, por mais que o motivo da separação fosse a traição do homem. Tudo isso junto resultava em um casamento muitas das vezes precipitado e com uma punição eterna. Apesar da civilidade humana, nós somos animais ainda e segundo os nossos instintos, fomos feitos para procriar. Eu quero ver um desses estudiosos convencer um leão de que ele só poderá ter uma leoa pelo resto da sua vida. Isso é uma questão até mesmo bíblica, pois existem várias passagens comando a poligamia. Abraão por exemplo teve duas mulheres. Tudo bem que uma era escrava e a própria mulher dele foi quem autorizou. Porém em nenhuma momento isso é visto como errado. O único fato que a bíblia repudia nesse caso, foi de que ele não confiou em Deus.

A região onde esse adolescente mora também é relevante, pois tive a experiência de morar em uma cidade pequena (Macaé), e lá percebi que os carinhas casavam muito cedo e também tinham filhos muitos cedo. Isso me assustava completamente, pois a cidade era velha. Velha no sentido de que os adolescentes amadureciam muito cedo e começavam a viver como velhos. Eu lembro que no trabalho pelo menos a metade da equipe era casada e tinha pelo menos um filho. Tinha um cara da minha idade que tinha dois e estava indo para o terceiro. A vida desses caras era trabalhar, mendigar todos os centavos possíveis para comprar fralda. Quando faziam o chá de fraldas para mim era uma tortura tendo um mês em específico que viajei na paranóia, pois tive uma baita prejú, então eu criei uma planilha com gastos de um recém nascido, comparado com os meus gastos. O meu cálculo não batia com o meu salário, cujo era o mesmo do cara. Perguntei então como é que o cara fazia, já que o meu cálculo foi feito baseado em um filho e o carinha estava indo para o terceiro. O mesmo me explicou mas não me convenceu. Indaguei-lo sobre a sua situação, e tive a resposta de que isso era o sonho dele, ter uma família e muitos filhos. Não acreditei nisso e fiz uma pesquisa. A resposta foi idêntica. Passei meses em um verdadeiro pesadelo e valorizando cada vez mais a velha e boa tv a cabo, hehehehehehehe. Mas no final de contas cheguei a conclusão que isso era influência da família mais a igreja. O que fazer em uma cidade pequena, onde todo mundo viu todo mundo crescer ou conhece desde a infância e se encontram na igreja? É isso mesmo, CASAR!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Putaria, casamento e mulheres.

Esses assuntos são coisas confusas pra mim. Como eu disse pra Natalia, não são coisas que eu costume pensar ou que façam parte da minha realidade, pelo menos, no campo filosófico da coisa. Mas vou tentar falar a respeito, ainda que de maneira sucinta.

 
 

Acho que o sexo virtual e toda essa putaria que vêm se espalhando por ai, é de alguma maneira saudável, e ajuda as pessoas a se descobrirem enquanto animais sexuais, altamente excitáveis e volúveis. Afinal, quem não fica todo aceso com um papinho mais quente?

 
 

Eu partircularmente gosto da prática de sexo virtual como um aperitivo para o sexo real. Pois pelo virtual é possível inserir algumas idéias que talvez fossem deixadas de lado, por timidez, ou falta de intimidade. Além do mais, acho que o sexo virtual é uma maneira de sedução, de conseguir deixar a outra pessoa interessada em provar o "real" da coisa e descobrir se é tudo verdade, ou se grande parte é só da boca pra fora.

 
 

Ainda nesse contexto, o sexo virtual é um atenuador de solidões, já que as vezes o sexo real está por algum motivo privado de acontecer. E não se tem nada mais intimo pra se fazer com alguém. Sei que há muito preconceito a respeito, e muita gente diz que quem pratica sexo virtual é tarado ou punheteiro. De minha parte acho que é algo saudável, que deveria ser visto como um adicional ao sexo normal e não um substituto ao mesmo. Ah, não que eu ache que ser punheteiro ou tarado seja algo ruim ;).

 
 

Saindo do virtual, pra entrar no real, e nas obrigações do sexo para com o casamento. Acho que isso tudo não passa de uma grande convenção, para evitar que as pessoas desistam de vez, de se casar. Hehe.

 
 

Nunca entendi bem essas "idéias". Pra mim, sexo é sexo, não tem nada a ver com casamento nem com amor. Embora fazer sexo sem sentir afeto ou pelo menos um tesão doido pela outra pessoa seja algo completamente impensavel pra mim. (Por esse motivo não consigo me dar bem com as prostitutas).

 
 

E agora deixando de lado essas coisas, pra entrar de pau na mulher. Digo que a mulher tem lutado não pra ser igual ao homem, mas pra tomar o lugar dele na sociedade. Não sou sexista, mas infelizmente pelo que entendo das coisas, a maioria das mulheres abre mão mesmo das "coisas boas" de ser mulher, pra poder sentir que tem liberdade de fazer o que quiser da vida, como ocupar cargos tradicionalmente masculinos.

 
 

Além disso, acredito que grande parte das mulheres seja machista. Afinal, a mulher é sempre a primeira a "masculinizar" idéias, ou recriminar o comportamento de outras mulheres como "não adequado".

 
 

Em resumo, acho que em breve teremos seres assexuados lutando por cargos e por tomar decisões, ao inves de termos mulheres sensiveis, mas com personalidade. E homens masculos, mas com sensibilidade. Alías, em muitos casos já é dificil separar o que é masculino ou feminino. Se bem que no fim das contas, isso talvez não seja um problema. -_-'. Não sei bem.

domingo, 21 de outubro de 2007

Meme da página 161

Bem, fiquei sabendo no blog do Sérgio Léo, que a nova mania da blogosfera é uma brincadeira (chamada meme), e que o mais novo meme é colocar no blog a quinta frase completa da página 161 do livro que estiver mais perto de você, e repassar isso a outros cinco blogues. `
Meme da página 161
1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abra-o na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.
Ressalto que não concordo com esse termo frase, pois, segundo o Evanildo Bechara, na Moderna Gramática Portuguesa, frase só é frase quando não tem relação predicativa, então só seriam frases coisas do tipo: Choveu muito! Vamos logo! Ande rápido!
Mas, como a brincadeira já foi feita assim, sugiro que se escolha o quinto período, que é o espaço entre uma pontuação e a letra maiúscula inicial do próximo período.
O meu período eu tirei do livro Enterrada Viva, A biografia da Janis Joplin, de Myra Friedman, e é:
"Talvez fosse mais do que isso: era claro que o que havia entre eles ativava os tortuosos pólos da natureza íntima de Janis."

Postem aí nos comentários as quintas "frases" de vocês!!!!

Flexibilidade.


Outro dia escutei uma entrevista no rádio, a picicóloga estava dizendo que os divórcios se tornaram mais frequentes quando o amor entrou no casamento. Isso fez o maior sentido pra mim. Antigamente se você era um bom marido, atencioso, provedor e trabalhador, não existia motivo para separação, igualmente a esposa prendada, carinhosa e compreensiva era tudo que um homem queria em casa. O casamento era baseado em tolerância.


Hoje em dia não. Hoje existe o amor, a mulher tem que se sentir amada e gostosa, o homem tem que escutá-la com carinho e elogiá-la sempre, reparar que ela cortou o cabelo (mesmo que tenha sido apenas um dedo), que está usando uma roupa nova, ser compreensivo nos dias de TPM, e por aí vai... A mulher por sua vez tem que compreender o marido saber que na hora do jogo de futebol ele não quer papo, que às vezes tudo que ele precisa é uma cerveja com os amigos, principalmente nos dias de TPM dela. Precisa apimentar o sexo e deixá-lo sempre realizado. Resumindo, os dois têm que se sentir felizes e realizados.


Como Física não posso deixar de notar que as variáveis antigas e novas são conflitantes e somadas impõem ao sistema uma complexidade muito difícil de ser resolvida. Por isso acho que os relacionamentos que dão certo hoje em dia são fruto de acordos, com menos variáveis, e préviamente estabelecidos. Que juntam algumas variáveis antigas e algumas novas, com muita tolerância.


Conviver é uma arte dificílima, que exige muita paciência e amor. Não o amor que tem que ser demonstrado e declarado a todo instante, mas o amor que está presente e faz a diferença na hora de perdoar e se colocar no lugar do outro, que quer ver o outro sempre satisfeito, mesmo que abrindo mão de certas coisas importantes.


As pessoas estão se tornando cada vez mais egoístas, não que isto seja ruim, querem fazer tudo na hora certa, na sua hora. Escuto as mulheres falando, quero engravidar aos trinta, quero comprar os móveis na Tok Stok, uma cama King Size no estilo japonês. Os homens por sua vez querem liberdade e diversão, nenhum compromisso por enquanto quero me divertir muito antes, comprar uma moto.... É tudo muito contraditório. Será que é possível fazer tudo que você quer fazer antes do casamento? E depois do casamento agir como casal? Um casal precisa agir como casal e só ter objetivos em comum?


Não sei... Namoro há 5 anos e estes questionamentos estão sempre presentes, como mulher desdobrável de hoje em dia, quero uma combinação de variáveis específica, que não é necessariamente a mesma do meu parceiro. Mas acima de tudo o amo e não quero abrir mão da presença dele na minha vida por nada. Será que dá para conciliar? Não sei... O que sei é que enquanto tivermos momentos felizes e maravilhosos, mesmo que permeados de momentos de controvérsia e divergências resolvidas, eu quero continuar. Seria este o tipo de união que me faz bem, e que vai funcionar eternamente enquanto durar? Se for, ótimo é tudo que eu quero.


A coisa boa de hoje em dia pra mim é isso. Flexibilidade. Se você não quer o casamento daquele jeito pré estabelecido, e tem uma boa idéia e alguém pra compartilhar, tem tudo que precisa. Mas importante que os papéis do casamento é o acordo entre quatro paredes. Quando o casal escolhe suas variáveis e diz o que é tolerável e o que não é. Cada um sabe até onde pode ir e que não TEM que fazer nada que não quer.

sábado, 20 de outubro de 2007

Gente, não sei se vocês perceberam, mas eu procurei um tema relacionado ao anterior, ou um sub-tema, para que vocês possam responder junto, se quiserem... Já que a frequência têm sido baixa, quero facilitar o trabalho :- p

Risco de Putaria




Cartoon de Alberto Benett


Escrevi sobre putaria hoje no meu blog pessoal, e este tema me levou a achar uma interessante definição para a palavra putaria, e me fez pensar também na minha coleção de livros eróticos e pornográficos.


Leiam os textos abaixo, e me digam qual a importância da putaria, do erotismo e da pornografia na vida de vocês, vocês se sentem bem num mundo liberado sexualmente? Vocês se sentem bem em falar de sexo, pensar em sexo? Vocês já experimentaram outras formas de putaria? A dois, a três, em grupo, virtual, pagando? O que vocês consideram ser risco de putaria? Vocês conseguem fazer outra pessoa gozar com palavras? O que te faz ter um orgasmo, mesmo não sendo nada físico?


"Putaria: (sm) correr o risco de, substantivo. Adjetivo: putar, estar em estado de, zonear, cornear, folhear revista de, advérbio sem noção de sexo. Meter o dedo, o membro, a língua, a boca, a mão, o pé, um objeto em orifício pessoal ou de outrém(ns), ter um ou mais dedos, membros, línguas, bocas, mãos, pés ou objetos metidos em seus orifícios ou de outrém ou ainda provocar orgasmo por relato, descrição, conto ou mnemônico de cognição virtual ou fraterna que faça com que a própria pessoa, ou outrém goze, seja no momento presente, passado, futuro, online, offline, síncrono ou assíncrono."


"Etimologicamente, erotismo deriva de Eros, o deus do amor; pornografia deriva da palavra porno, que designa a prostituta. São realidades qualitativamente diversas. O erotismo é a espiritualização da carne e sua conversão em cultura; No meramente obsceno, a carne permanece tristemente encerrada em sua imanência e a pornografia é o signo objetivo do fracasso em transcender essa imanência. Ao contrário, a transcendência é a dimensão natural da literatura erótica."


"Existem basicamente duas maneiras de transcrever um sexo virtual pela internet:
Criando uma história, ou uma fantasia. As duas ou mais pessoas, contribuem para criação de um cenário onde ocorre o sexo virtual, este cenário existe apenas nas suas mentes. Geralmente uma pessoa escolhe aquela fantasia que lhe proporciona mais prazer. Isso aproxima muito a masturbação simples do sexo virtual, quase que botando a outra pessoa apenas na posição de narrador.
Descrevendo fatos ou a situação presente. É muito comum a idéia de voyerismo, em que se tem acesso a informações íntimas de outra pessoa. A descrição de um fato, seja primeira relação sexual ou uma experiência diferenciada, é muito próxima da fantasia. Já uma descrição da situação no momento da conversa, pode dar a possibilidade da interação, quando uma pessoa diz a outra o que imaginar, ou fazer."



Vamos escrever gente, conto com vocês, não vamos deixar o blog parado, ok?

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Ahhh, o sagrado matrimônio!


“Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.”

Toda vez que se discute casamento ou religião normalmente eu lembro dessa frase genial do Machado de Assis, e como um colecionador compulsivo de citações, não vejo outra maneira mais interessante de começar além de pegar emprestadas algumas palavras de alguém mais safo do que eu, nesse caso em particular, alguém grosseiramente mais safo.

É estranho tentar pensar em sexo e casamento dentro do mesmo contexto hoje em dia, considerando que atualmente os dois dependem ou se correlacionam tão pouco em relação ao nosso nem tão remoto passado. A não ser, talvez, se pensarmos no primeiro como uma das poucas obrigações conjugais ainda agradáveis.

Enfim, sou solteiro, nunca me casei até hoje, e não tenho planos para fazê-lo tão cedo.

Este com certeza é um dos clichés coletivos do qual faço questão de ser parte, e sem grandes surpresas não tenho nenhuma justificativa muito diferente da maioria, antes de algo tão definitivo quero mais diversão, mais carreira, mais independência, mais tempo, e por aí vai.

Sendo assim, qualquer coisa que eu diga sobre o tema não é nada além da minha visão especulativa sobre o tema, ou seja, apenas um pedaço das minhas expectativas pessoais em cima de uma coisa que nunca experimentei, e atualmente não tenho vontade de experimentar. Afirmo isso simplesmente pra exemplificar a constatação estranha de que o casamento assim como várias outras coisas é uma daquelas em que as pessoas desde muito cedo já tem uma opnião formada sem ter experimentado ainda.

Estranho, mas por outro lado bem óbvio. É um rito de passagem. E como a maioria dos paradigmas, não necessita de nenhuma razão muito lógica pra sustentar sua própria necessidade ou importância, já que “sempre foi assim” não nos parece estranho que algumas pessoas passem boa parte de suas vidas planejando ou fantasiando sobre o próprio casamento antes mesmo de se casarem, e em alguns casos sem nem mesmo conhecer ainda o companheiro dessa empreitada originalmente programada para até que a morte separe o casal ainda inexistente. O que talvez até seja uma preocupação um pouco desnecessária considerando que a morte seja a menor das causas de uma separação hoje em dia.

De qualquer forma, por mais que já tenhamos nossas opniões formadas sobre o casamento nos moldes que conhecemos, algo que não se pode negar é o nível de importância que todos nós atribuímos a ele. Fatalmente qualquer adulto normal ou não já pensou no assunto, seja para considerar ou abominar a possibilidade.

Por isso até, não é raro que eu dê um pequeno sorriso sarcástico quando alguém me fala que fica surpreso com o número de divórcios atualmente.

Será realmente que o fim de tantos casamentos hoje em dia é causado por todas essas razões dramáticas que as pessoas tradicionalmente costumam desenhar como a degradação da família, a banalização do sexo, e qualquer outro hábito moderno mais controverso?

Eu acredito simplesmente que nos tornamos mais práticos do que nunca, talvez não práticos o suficiente, mas considerávelmente mais do que no passado.

No passado se você fazia uma escolha errada, teoricamente tinha que conviver com essa escolha até que um dos dois morresse (ou matasse o outro). Assim se evitava um bocado de gente execrando o casal publicamente apenas por ter feito algo que muitos em situação similar não tinham coragem de fazer. Delicadamente aplicar um pontapé pra longe no cônjuge e partir pra outra.

Curiosamente hoje em dia as maiores preocupações universais após um divórcio são: Arrumar um bom advogado e procurar o bar mais próximo se não foi você que deu o pontapé.

A despeito de qualquer consideração, o casamento é um contrato entre duas partes, contrato este que envolve entre outras coisas os filhos, cachorro, e patrimônio do casal. Tudo isso regido por suas respectivas cláusulas de conduta e ideais de comportamento a serem seguidos ou não enquanto durar.

É compreensível e natural que algumas pessoas queiram formalizar as coisas a fim de assegurar uma existência mais pacífica caso essa união eterna venha a expirar antes da hora.

Porém se do contrário, não encarássemos o casamento ainda como algo tão sagrado, (o que não é) e se talvez toda a ritualística e tradição que envolve o ato não confundisse tanto a cabeça das pessoas poderíamos ver o casamento como algo menos definitivo, ou simplesmente manter uma visão mais realista do ato de se juntar à alguém como uma opção e não como uma obrigação social. Mas considerando tantas variáveis, vai saber...

Não sou contra o casamento, e até acho que pode ser uma coisa muito bonita quando dá tudo certo dentro dessa expectativa/fantasia que as pessoas criam sobre o mesmo. Afinal quem sou eu pra dizer que o sonho de alguém é certo, errado ou fútil.

Acredito em uniões estáveis, duradouras e felizes, apesar de não necessariamente terem de ser eternas. Se forem ótimo. Se não, bola pra frente.

Só não sei como toda a papelada, choradeira de parentes e um cerimonial meio sacal possam ter alguma coisa a ver com viver e conviver com alguém. E muito menos o que isso pode ter a ver com sexo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Um contra-senso de saias...


Estava meio na dúvida de como começar sobre o penúltimo tema proposto, e lembrei de um texto que li hoje cedo em uma coletânea de crônicas do Veríssimo que peguei emprestado esses dias, e assim resolvi seguir o ritmo e também pegar emprestado o início genial do texto.

Dizia o Veríssimo: “Quando estivermos com dificuldade para começar uma crônica, devemos apelar para um velho provérbio Chinês. Quando não tivermos um velho provérbio Chinês para começar uma crônica, devemos inventar um”.

Pois lá vai um que achei bem interessante e que acredito ser o que eu procurava para começar "Não se deve ser forte. Há de se ser flexível".

Assim penso no que de fato representa o novo perfil das mulheres modernas, quantas novas e velhas contradições ainda as acompanham, mas no final a única coisa que me vem a cabeça é por que algumas mulheres insistem em achar válido ser como os homens em alguns aspectos. Não me entendam mal, não afirmo isso por achar que uma mulher não tenha o direito de se comportar de forma similar a um homem, mas sinceramente por que elas iam querer isso? Não entendo bem.

No meu ambiente de trabalho vejo algumas coisas bem peculiares, por exemplo quase toda semana vejo alguns caras mais velhos e mal casados reclamando que a mulher não entende o que é trabalhar igual um corno todo dia, receber ligação toda madrugada, não ter tempo de ficar com os filhos ou com ela e etc.

Lembro uma vez de uma conversa que ouvi no café de uma empresa que eu visitava, um cara falava pro outro “Queria ver ela segurar uma semana aqui no meu lugar”. Estava acabando de pegar o café e enquanto ia fumar um cigarro na sequência fiquei pensando nas mentiras e histórias que a gente conta pra si só pra justificar algum comportamento que sabemos ser censurável.

Verdade que qualquer pessoa não condicionada a uma vida stressante provavelmente iria surtar com uma semana de vida em ritmo grotescamente mais acelerado que o normal. Mas isso por um acaso o torna válido ou recomendável?

Acho salutar e natural ter mulheres em cargos de chefia ou de maior influência. Mas acho censurável que muitas sigam a receita que para tal deva se ter um comportamento mais parecido com o masculino, ainda mais quando no pacote são incluídas algumas falhas de caráter muito peculiares aos homens.

Nada pior do que um chefe muito agressivo, ditatorial ou intransigente, e na minha humilde opnião isso fica ainda mais feio na figura feminina, pois destoa do esperado e acaba causando mais reações negativas do que com os homens. Não que devaria ser assim, mas simplemente é assim.

Lembro de uma executiva que conheci alguns meses atrás. Fui visitar um cliente para uma reunião de fornecedores, onde são reunidos alguns representantes de todos os provedores de serviço para uma reinião periódica na sede do cliente. Estava eu sentado lá em uma mesa de reunião gigantesca e lotada, olhando o projetor e preocupado com os meus slides e me acostumando ao desconforto de ter que estar usando terno para completar a fantasia de sério, ao lado de mais uma turba de gente dentro das suas respectivas fantasias.

Cada um com seus crachás e broches com o logo de suas respectivas empresa pendurados em alguma parte da roupa, brigando para passar uma imagem de mais ocupado e stressado do que o outro, mais da metade falando no celular enquanto batucava alguma coisa no notebook esperando a reunião que não coneçava. Confesso que me divirto em observar essas peculiaridades ridículas do mundo corporativo.

Pois bem, ao contrário das reuniões anteriores o executivo do cliente que iria presidir a reunião era uma mulher. Apesar de não ser comum, também não era tão incomum e no final das contas não fazia nenhuma diferença, pensei.

Grande erro, fez uma grande diferença, e muito positiva. Após as apresentações de cada empresa, estávamos começando o tradicional debate das idéas propostas naquele tranquilo clima de tribunal do santo ofício.

Ao início das rotineiras trocas de acusações entre os participantes a nova executiva com poucas e delicadas intervenções desfez o clima competitico de forma suave e natural, como uma mãe que chamava a atenção dos filhos. Dura, mas ainda assim carinhosa. Da forma que somente uma mulher poderia fazer. Pra ser ainda mais piegas, reconheço que no final da reunião saímos todos nos cumprimentando e sorrindo mais do que de costume.

Após esse episódio fiquei pensando em todas as vantagens naturais ao próprio gênero que algumas mulheres ignoram para serem mais parecidas com os homens, quando poderiam simplesmente trazer suas diferenças para uma abordagem diferente e mais interessante do tradicional.

O contra-senso disso tudo é que mesmo vivendo em tempos em que os direitos iguais entre homens e mulheres já foi garantido a pelo menos uma geração, ainda é mais difícil para uma mulher ocupar um cargo nos altos escalões e ter salários e benefícios compátiveis com os homens

Mas a que preço os homens muitas vezes tem essas vantagens? Sacrificando partes consideravéis de suas vidas particulares que muitas mulheres dificilmente abririam mão, e que de fato não devem abrir mão, pelo menos não somente em troca de dinheiro e um plano de carreira.

À parte do papo pseudo-zen-executivo e seus derivados, acredito que o meio termo seja muito mais saudável do que os extremos tanto aos homens quanto para as mulheres, e isso as mulheres encaram com muito mais naturalidade do que nós homens. e a muito mais tempo. Essa flexibilidade soa mais normal com elas.

Hoje mais do que nunca não somente as mulheres avaliam opções por uma vida menos stressante, os homens também buscam alternativas, até por que em uma realidade onde os dois sexos ocupam quase os mesmos postos de trabalho não é surpreendente que tenham dificuldades e desejos em comum.

Nós só estamos buscando o que a maioria das mulheres já vem praticando muito antes de nós. Como se equilibrar entre a vida profissional e a particular sem desfavorecer demais um lado, reconhecendo que fatalmente o lado que pesar mais tende a prejudicar o outro.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Sexo e Casamento


De acordo com o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, os homens entre 18 e 25 anos afirmam ter 4,2 parceiras sexuais durante um ano. Parceira sexual é mais do que uma transa de apenas uma noite, é alguém com quem o encontro teve alguma seqüência. Já as mulheres dizem ter 1,6 parceiro sexual anualmente. Se imaginarmos que essa garota começa a vida sexual aos 15 anos e se casa aos 27, ela poderá ter 19 parceiros até trocar alianças. Um quadro bem diferente do passado. Quarenta anos atrás, a moça transava pela primeira vez aos 22 anos com o namorado com quem se casaria ou, no máximo, com alguém que imaginasse ser o príncipe encantado que a levaria ao altar. Segundo os especialistas, nunca em nenhuma época da era contemporânea o sexo esteve tão desvinculado do casamento.

O curioso é que essa geração nasceu e/ou cresceu diante da propagação da Aids, mas a doença não pôs um freio na multiplicidade de parceiros, como se imaginava. O jovem domina plenamente os meios contraceptivos – embora nem sempre os utilize corretamente – e a liberdade sexual cresce de forma avassaladora. “Foi mal veiculada e mal captada a mensagem sobre a Aids. Enquanto se divulgava “não transe sem camisinha”, a garotada entendia “use o preservativo e faça sexo”. Foi um convite para o sexo sem preocupação”, opina Carmita, da USP.

O ambiente erotizado da juventude de hoje favorece essa ebulição sexual. No fim dos anos 80, a nudez nas novelas e a genitália exposta no Carnaval arrepiavam muitas famílias e geravam polêmica. Hoje, ambos ganham closes cada vez mais ousados na tevê. Na internet, o jovem encontra sexo protegido, de fácil acesso e, por meio dela, também agenda encontros. Mais: para dar o toque de fantasia, uma conotação festiva, a esse encontro, pode recorrer aos sex shops, que deixaram o submundo e estão cada vez mais visíveis nas esquinas das grandes cidades.

Com tantas possibilidades, não passa pela cabeça dessa juventude unir-se a outra pessoa para ter atividade sexual ou se libertar dos pais, como ocorria antes. Com isso, o casamento deixou de ser a espinha dorsal em torno da qual se desenha uma trajetória. A jornalista paulista Denise Molinaro, 31 anos, recebeu cinco pedidos de casamento (aos 19, 22, 26, 27 e 30 anos) e recusou todos. “Quero casar somente depois dos 32”, afirma ela. “Minha mãe fica horrorizada, mas sempre pensei assim. Tenho de crescer profissionalmente, viajar, conhecer lugares e pessoas antes.”

Psicoterapeuta e professora titular em relações de gênero da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Noeli Montes Morais é autora do livro Fica comigo para o café da manhã, que nasceu da tese de doutorado Sapos não viram príncipe, defendida por ela. “Percebi que a mulher entre 20 e 30 anos, após uma noite de amor, queria que seu parceiro ficasse para o café, mas não necessariamente para o almoço”, diz Noeli. “Significa que deseja uma relação estável até certo ponto. Porque não tem a expectativa de que o casamento, o amor se perpetuem para sempre.” Para a psicóloga Márcia Bittar Nehemy, da PUC, o jovem está reinventando novas fórmulas de manter vínculos com outras pessoas. “Quando ele diz que não quer casar, foge, na verdade, do modelo de casamento tradicional, aquele que oprime, usurpa, dá direito à herança e à divisão de bens materiais”, afirma ela, especialista em sexualidade humana. “Mas viver aos pares é visceral, algo acima da racionalidade de não querer se juntar a alguém.”

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Ser mulher, o Ser-mulher!


Acho que eu não sou a pessoa mais indicada para falar deste assunto. Ser mulher para mim, desde sempre, foi uma coisa difícil! Minha cabeça foi sempre predominantemente masculina, sempre fui meio macho na maneira de pensar! Essa coisa de ser feminina, delicada, indefesa, nunca foi meu forte. Embora eu tenha dias de sim, dias de não, como todo mundo!
Trabalho desde os quinze anos, e não me imagino sem trabalhar! Sonho em ser mãe, mas não me sinto com estrutura para isso! Sou péssima dona de casa, e conto com a possibilidade de ter sempre alguém pra me ajudar. Sozinha, não faço nada! Mas sei mandar fazer... Isso a gente vai aprendendo.
Para mim, ser mulher com vinte e poucos anos é como ser homem. Não vejo diferenças, não vejo brigas, não vejo ninguém querendo ser afirmar. A luta já foi feita, e nos foi entregue de bandeja. Hoje, nós mulheres de vinte anos, podemos nos dar o luxo de abrir mão de tudo que outras mulheres conseguiram para podermos nos dedicar à casa e à família, se assim quisermos, e muitas o fazem!
Me lembro que eu tenho um amigo com quem eu combinei quando criança que se não tivéssemos filhos até os 30 anos, nós teríamos um filho um do outro. Há uns quatro anos atrás a gente já mudou a idade para 35, e cada vez mais eu não tenho tanta certeza de que terei filhos aos 35.
O casamento e a maternidade com certeza estão ficando em segundo plano para muitas mulheres de vinte e poucos anos. Talvez seja pela mudança do mundo, talvez seja pelo acúmulo de tarefas, mas é difícil imaginar que há poucas décadas atrás quem passava dos vinte sem casar, já estava ficando pra titia...
Não sei bem se vai ser assim, mas tenho quase certeza de que a maternidade vai ficar pra mim como coisa dos trinta e muitos anos...
Mas eu espero que ela venha na hora certa!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Apresentando...

Seguindo o protocolo de apresentação dos partícipes, venho eu falar de mim: Meu nome é Deborah Tavares (pra resumir um nome enorme) e já estou fora dos 20 e poucos a saber: 28 são 20 e muitos. rs

Sou funcionária pública e vivo buscando outras atividades, talvez numa tentativa desajustada de negar minha veia burocrática, talvez para equilibrar minhas atividades estáticas com a efervescência do resto do mundo, talvez os dois, talvez nada disso...

Sonhadora, passional, com dificuldade de desapegar das pessoas e de certos momentos da vida tais como a infância. Meu comportamento infanto-juvenil me condena como eterna vivente da Terra do Nunca, lugar de fuga do mundo cão cheio de incertezas e dúvidas e dívidas e outras coisas de gente grande.

Sempre fui metida a fazer várias coisas. Há um ano me meti a ser esposa e, em breve, pretendo cair de cabeça na maternidade. Amo minha família, meus amigos, minha casa e o lugar onde trabalho. Amo ler, ouvir música e escrever. Espero poder escrever com freqüência aqui, só não dou certeza porque ultimamente ando metida a workaholic. :(

Mulher é desdobrável, eu sou...


Em 1975, aos 40 anos, Adélia Prado escreveu:

Com licença poética


Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Depois de muitas lutas, algumas hipotéticas, outras veladas, as mulheres conquistaram seu espaço. Quero propor que a gente discuta aqui se isso é válido, ou seja, é realmente necessário que a mulher brigue para ter uma posição igual a dos homens? Há um movimento hoje em dia ao contrário. Mulheres de vinte e poucos anos têm largado a carreira para se dedicarem à casa e aos filhos, para depois retomá-la claro. Nossa geração aprendeu a ser ativa, não consegue ficar parada.
O Tema desse mês então é a mulher, seu papel na sociedade de hoje, seus anseios e necessidades. É bom saber o que os homens acham também...

Mãos à obra, vamos escrever pessoal!!!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

antes tarde do que Lucas


"Senti o meu, o teu, o deles

Senti e vi nossos corpos, animados por nossas almas

De certa forma éramos uma alma só

Alma de criança que brinca, chora, assusta, faz manha e pirraça"

"Criança que quer atenção. Criança que brinca com todo mundo. Criança que não brinca. Criança que brinca só."

Lucas era um cara assim, não gostava muito de se abrir, guardava algumas coisas porque via que as pessoas tinham problemas tão maiores que os dele eram pinto, o que de certa forma foi muito bom, assim, ele mesmo parava de pensar nos problemas dele como problemas, mas sim como coisas que vão, passam, acontecem e desacontecem.
O que acontece é que Lucas percebeu que faltava alguma coisa, ele já cuidava de si, aprendeu meditação e outras praticas. Sentindo-se cada dia mais livre. Um dia, puft! Tudo parou... Ele começou a ficar meio chateado de novo, borocoxo, pensando nos problemas...
Ate que uma amiga o convidou para uma nova experiência. Ela o convidou para um lance doido ai de uma roda, com um nome estranho. Ele confiou, afinal essa amiga nunca o colocava em roubadas, alias, ela tem é muito bons palpites.
E lá foi ele de sopetao, caiu no meio de uma sala com o piso de madeira. As paredes eram de tijolo, daqueles antigos sabe? Quando abriram a porta, no entanto, não foi isso a primeira coisa que ele viu. Ele viu mesmo um monte de gente jogada no chão, rastejando, se mexendo, fazendo movimento ao deus dara. Imediatamente ele quis se jogar naquela madeira toda, a sala era grande e tomada de gente, de corpos vivos, muito vivos. Ele se jogou ali também. E ali ele viu que na verdade, no momento em que ele escolheu se jogar naquele chão, que ele resolveu somente ir, deixar levar por si mesmo, ele percebeu também que a sala já não era sala, que as paredes já não pareciam estar lá. Ele sentiu seu corpo, mas ao mesmo tempo seu corpo não estava ali, porque o que ele julgava ser ele mesmo já não estava ali também. Ai ele foi percebendo que ele era muito mais, que seu corpo fazia todo o sentido do mundo, mas que ao mesmo tempo desaparecia nas ações e diante de tantos corpos entrelaçados. Mesmo quando ele não estava ali no bolo de pessoas emboladas, que riam, emitiam sons, pulavam; ele observava e ele estava lá também. E ai, quando a vontade não podia agüentar mais, ele se jogava num movimento, qualquer um, com as pessoas, sem as pessoas, consigo mesmo.
foram 4 horas de Lucas sem Lucas, e de Lucas com uma coisa assim, mais Lucas sabe? Então Lucas viu, sentiu, percebeu, que ele já nem era mais tão Lucas, nem mais tão importante. E entendeu o que faltava. Lucas sentia falta, falta de ser quem ele sempre foi, quem ele era quando ainda não falava, não julgava, brincava e fazia sons esquisitos, se jogava no chão, fazia manha e não ligava pra o que os outros pensavam. Esse era o Lucas que ele queria ser e isso era o que lhe estava faltando.


"Quero me embrenhar nos seus cabelos cheirosos

Para sentir a sua vibração que vibra como a minha,

Mas é diferente...

Quero acariciar seus cabelos cheirosos

E sentir de novo que sou bem vinda

Quero ser bichinho, criança, pássaro, carinho

E só lembrar do cheiro dos seus cabelos emaranhados com os meus"

domingo, 30 de setembro de 2007

Produtor Cultural Pride

Bom dia, tarde e noite!!!
Sou o Mateus, tenho 23 anos, e trabalho na Gávea Filmes e na peça "homemúsica" do Michel Melamed. Passei já pela Secretaria Estadual de Cultura, Contraste Marketing e Orquestra Sinfônica Brasileira. Além disso, tenho 2 bandas (Phone Trio e Cinedisco), que costumam viajar por esse brasilzão aí, ambos já lançaram cds e estamos em fase de divulgação. Pelo que se pode perceber a vida tá levemente corrida, então deixei a faculdade pra já já...
To indo agora pro CCBB!!! Então o post é rápido só queria me apresentar mesmo!
Forte abraço!

Antes tarde do que nunca!


Boa noite! Seguindo a tradição prematura da mestra milenar Nat, irei me apresentar. Me chamo Felipe, tenho 26 anos, signo de câncer com o seu ascendente em escorpião. Tenho que admitir que sou louco e conheço várias pessoas loucas também, assim como a Nat. Segundo a própria, isso é excelente, pois as pessoas loucas são normais na verdade. Eu não entendi direito, mas vindo dela, tá valendo! Rsrsrs! Trabalho atualmente com informática, mas tenho certeza que abandonarei em breve. Já trabalhei em outras áreas, mas ainda não achei aquela perfeita. Pode até ser uma utopia minha buscar algo assim, fazendo mudanças bruscas e repentinas. Procuro pensar que sou o personagem vivido por David Carradine (Caine) no seriado Kung-fu (putz, quem lembra? Aquele que tem um shaolin que está sempre com a mesma roupa, bolsa e chinelos, andando por todos os cantos, e que só tem ação no final). Um homem que passou por vários lugares e situações diferentes, conheceu várias pessoas e debateu várias opniões diferentes em relação a tudo, e mesmo assim, ainda consegue manter a sua tradição e esperança nos quais acredita. Estou empenhado em fazer cinema. Além de ser algo que de cara me assusta, ao mesmo tempo me fascina, mas gosto de desafios, encará-los são experiências esplendorosas. Agora chega de falar de mim e da minha mente louca, e vamos ao assunto principal.

O que é ter vinte e poucos anos?

E
u pensei em várias coisas e situações diferentes. Ter vinte e poucos anos aqui no Brasil é uma situação completamente diferente da do resto do mundo, porém não irei viajar tanto assim, até mesmo porque o dia está clareando e o efeito do álcool está passando, rsrsrsrsrs. De tudo o que eu pensei para escrever, se resume em ter o dobro ou triplo de incertezas para cada certeza, isto é, são vários caminhos e um só destino, como um grande labirinto (não sei se alguém já teve a oportunidade de ir a algum labirinto desses gigantescos). O mais tradicional é o labirinto redondo, onde no início, há várias passagens e não importa qual você escolha, pois sempre há outras mais a frente. Já da metade em diante, vai dificultando cada vez mais, não tendo tantas passagens assim, e algumas são grandes furadas te levando a corredores sem saída, fazendo você perder tempo e tendo que voltar bastante, às vezes até ao início. Há lendas que dizem que alguns poderosos, como condes e reis, guardavam seus tesouros em salas no centro do labirinto, e espalhavam armadilhas por todo ele, existindo somente um caminho certo e seguro. Eessa minha teoria maluca tenta explicar que nós estamos no início do labirinto e não adianta nos preocuparmos tanto, e sim curtimos, aprendermos e seguirmos em frente. Só saberemos se estamos no caminho certo (dependendo do objetivo de cada um), da metade em diante, e mesmo assim corremos vários riscos de estarmos totalmente errados e termos que voltar ao início, muitas vezes trocando o objetivo. A melhor estratégia é a perseverança, a ousadia, e a confiança em si mesmo. Sem esses ítens você não sai do lugar, e pode ficar se lamentando para o resto da vida sobre algo que poderia ter feito, ou entrar em uma passagem sem saída e não ter forças para recomeçar do ponto de partida, continuando ali com rotina cotidiana que te mata a cada dia, por não ser aquela que você galgava. Aprendi nesses meus vinte e poucos anos que vale apena continuar tentando, mesmo que eu nunca consiga alcançar tais objetivos, mas pelo menos eu tentei e vivi para contar os caminhos que percorri e tudo o que eu aprendi, terminando a vida com alma de um guerreiro. Existe o ditado que diz que "A vida é uma grande roda gigante.", agora eu tomo a liberdade de alterá-lo e dizer que "A vida é um grande labirinto!".


sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Dúvida,favor me ajudem....rs

O termo ¨cadeia nacional¨ usada pelas emissoras de televisão não nos fazem sentir prisioneiros?

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Casa dos vinte..

Vivemos todos condicionados,desde sonhos até a mais real ação possível,somos condicionados desde cedo a aprender conforme nos ensinam tudo que for necessário,a crer desde pequeno em uma entidade maior que nós,a ter medo do que nos impede,a amar o que for moralmente viável,a seguir um caminho já tracejado.
Condicionados a lutar por ideais utópicos, a aceitar a forma de governo, a beber do leite matinal,a fazer ginástica antes de sair de casa,a ler clássicos da literatura ou jornais cotidianos,a nos informar do que é noticia ou meramente se isolar de tudo,a ter calça jeans antes modelo de contra cultura e agora toda fonte da cultura básica metropolitana,a saber o camisa 10 da seleção,a odiar todo jogo contra a seleção rival,esperar pela velhice depois de 30 anos de trabalho e assim viver depois, querer sempre visitar aquele país longínquo, ver no mínimo 4 horas diárias de Tv, condicionados a sempre pensar que o presente do visinho de natal foi melhor que o seu, que quem você ama é somente seu, somos até mesmo condicionados que antes de qualquer coisa somos culpados.
Que o encontro com uma pessoa que ¨pensa¨ como você é meramente um acaso e não um condicionamento equivalente entre ambos envolvidos. Como se alguém pudesse pensar como outra pessoa.
Que os animais tem instintos e por isso podem sofrer sem dor com todo nossa crueldade,que os homens também podem sofrer afinal depois virá o perdão Divino, que somos seres dotados de 5 sentidos e se deleitar nisso enquanto somos impedidos de coisas maiores.
Que sempre alguém inventou algo antes que você e seria perda de tempo tentar algo novo,que esse seu dente podre na verdade precisa da nova pasta de dente e da nova escova dental da marca X.
Que se antes dos 30 anos você tem um ideal logo você não tem um coração, e se depois dos 30 anos você ainda estiver com um ideal, aí você não terá um cérebro.
Somos conformados a ler isso, eu mesmo fui conformado a escrever essa droga, se assim pensar, é claro.
Que toda corrente livre e alternativa não passa de mera tática conformista, e toda ação em conjunto, também.
Somos até conformados a lutar por liberdade, a crer que existe liberdade, e que ela é o que de mais supremo existe na vida de um homem.
A ver filmes de entretenimento enquanto do outro lado da cidade, num quarto qualquer, jovens se conformam com seus filmes ¨cult¨.
Que o ensino formal é o que de melhor o Governo oferece aos sem oportunidade e que um ensino filosófico também proporciona qualidade de vida a quem o procura.
Que fumar causa câncer e que ninguém é imortal.
A adiar tudo e a saber que cada momento é único.
Somos conformados em tudo na vida!
Somos conformados até que há realmente vida, mas somente nesse planeta, ou a se questionar o valor dela por saber que pode existir vida lá fora....

A falta de educação dos fones de ouvido.

Algumas amigas de faculdade devem estar com raiva de mim, de um tempo pra cá elas começaram a aparecer com esses malditos fones no ouvido e nada tem me irritado mais do que falar com alguém com os ouvidos tapados...
Vejam bem, eu não sou intransigente, mas o que eu achava que era um caso isolado se tornou uma febre. Pra todos os lugares que eu olho, em todos os lugares que vou, tem alguém ouvindo música com fone. Até na prova que eu fiz ontem tinha um cara fazendo a prova com o fone de ouvido.
Eu sempre achei que a vida tinha que ter trilha sonora, com música ambiente mandada lá de cima, por Deus, mas aí teríamos que confiar no bom gosto dele, porque minha trilha sonora jamais teria axé e pagode. E a portatibilidade desses aparelhos que reproduzem música é perfeito para isso. Cada um se enfia dentro da sua própria vida, e tem até sua trilha sonora ambulante...
Eu entendo essas pessoas, eu ouço música o dia inteiro, só consigo trabalhar com música. Mas o meu trabalho é solitário, eu e eu e alguns números, nada mais. E mesmo assim eu ouço a música bem baixinho, sem fones, pra caso alguém me chame eu atenda prontamente. Ouvir música andando na praia, andando de ônibus é ótimo, mas devia parar aí... Quando você vai encontrar com os amigos, não vejo a menor necessidade de continuar com aqueles troços no ouvido. Aí você fala com a pessoa, ela finge que te ouve, aí você insiste, ela percebe que você quer realmente falar com ela, e com a cara mais esquisita do mundo, ela tira um dos fones e deixa ele lá pendurado... Mas o outro continua no ouvido... Não sei o que me irrita mais, os dois fones nos dois ouvidos, ou aquele lá pendurado querendo dizer: Olha, eu estou te ouvindo, mas só pela metade...
Pra não dizerem que sou a pessoa mais chata do mundo, ontem eu experimentei usar os fones pra ouvir música. O fato é que meu celular antigo, embora tivesse mp3, tinha uns fones que não cabiam no meu ouvido (pois é, meu ouvido também é pequeno). Quando comprei o novo, percebi que os fones eram mais confortáveis, pelo menos eles permanecem algum tempo sem cair.
Pois bem, peguei o ônibus pra ir trabalhar, contei bem umas seis pessoas com fones de ouvido, sentei na cadeirinha do lado esquerdo, vista pro mar (pois é, eu pego o caminho mais longo pra ir beirando a praia), coloquei os fones de ouvido e, claro, imediatamente percebi porque as pessoas são viciadas nisto. Instantaneamente eu fiquei com vonte de mandar flores pro delegado, de bater na porta do vizinho e desejar bom dia, de beijar o português da padaria... É, começar com Zeca Baleiro era sacanagem, mas quem escolheu a trilha sonora fui eu, e eu tenho bom gosto, então era óbvio que eu ia gostar da música. A viagem continuou tranquila, eu, a praia, o Zeca e o resto da minha trilha sonora. Por alguns minutos ali eu viajei literalmente, não fazia parte do mundo real. Entendi muito bem porque as pessoas preferem a alienação dos fones de ouvido aos barulhos da cidade grande.
Quando o ônibus chegou no ponto, a trilha sonora direto do meu cérebro avisou que estava tocando Negro Gato, com a maravilhosa voz do Luiz Melodia parecendo sussurrada no meu ouvido, mas eu não pensei nem duas vezes, tirei os fones do ouvido.
Prefiro ouvir os carros, os ônibus, a barca, as pessoas andando, do que me render à alienação e a falta de educação desses fones de ouvido.

Vinte e poucos

A visão que eu tenho do meus vinte e poucos anos (22), é que estou vivendo o primeiro de vários momentos decisivos. É nessa década que você da o primeiro passo do que será o resto da sua vida. Estou falando mais do lado profissional, é aos vinte e poucos, ou muitos, que (geralmente) você se forma na faculdade, estagia aqui, estagia lá..

Ultimamente isso está ocupando grande parte dos meus pensamentos. Estou à procura de um outro estagio porque o meu já vai acabar. E dependendo das oportunidades que me forem oferecidas, minha vida vai tomar um rumo totalmente diferente. Mas só me mexo e procuro outras coisas assim, sob pressão. Alias pra tudo só funciono assim, na última hora.

Como vejo esses vinte e poucos anos..

Nunca o mundo esteve tão nu aos olhos de uma geração como está para a nossa.

Somos a geração do excesso de (des)informação, da calmaria corrupta que se escondia por debaixo dos ministérios e só agora descobriram a cabeça e o pé começa a aparecer, já sabemos que Deus está morto mas mesmo assim não perdemos a esperança, talvez a geração com o maior indice de suicídios, não nascemos com um chip mas tivemos que implantá-lo, assistimos o empariamento das mulheres em relação aos homens(como se o direito de ambos terem a mesma situação econômica no campo profissional fosse uma evolução..essa busca considero degradante.a que ponto chegou o capitalismo que agora homens e mulheres ao invés de quererem um mundo melhor se engalfinham por salários iguais...),sabemos que Gagarin estava errado ao dizer que a Terra era azul,todos nós somos cegos e nunca saberíamos olhar como o mundo é realmente,começamos a viver em um mundo sem mistificações..

¨Não é possível que mesmo depois de tudo que ja houve no mundo minha geração e as futuras ainda sejam fascinadas pelo poder,ganância e dinheiro...¨

E´ isso,não vejo com muita poesia ter vinte e poucos anos,devemos acordar de muitos sonhos que aprisionam a humanidade em um quarto,levantar e encarar seja qual for a realidade.

Me apresentando..

Olá,
sou novo aqui, meu nome é Delson Robson(Delsinho ou Lebowski p amigos desse blog)..não sei me apresentar,ao menos que esteja em uma mesa de bar ou algo parecido..portanto puxo minha cadeira aqui e vou começar:
Não faço absolutamente nada da vida,digo algo tributário ou moralmente aceito pela sociedade..mas enfim

gosto de escrever,amo cinema e pretendo frz isso de minha vida...continuar escrevendo e quem sabe me tornar diretor de cinema
é isso..com o tempo e com as doses vão me conhecendo melhor..

hauhauha
como a logística do blog exige
moro em Cambuquira, sul de MG

21 anos
hauhuahauh
já tá parecendo ficha isso hein..kkkkk

frase: A palavra ação deveria ser banida de todos os dicionários,ela se sente muito entediante lá.

abraço pra todos!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Ter meus devaneios vinte e poucos anos...


O que é ter meus devaneios vinte e poucos anos...

Meu mundo de fantasia...

É como se eu entrasse em uma história mágica, cheia de fadas, duendes e gnomos, unicórnios...E música, muita música...Eu queria realmente poder ser e vier no reino dos seres elementais!!! Eu seria até capaz de perdoar o anãozinho safadinho Rumpelstilstkin!!!

Me identifico mais com eles do que com o nosso mundo...

***********************************

E que como se num passe de mágica, em um lugar lindo, com muita mata e água, apareceu em minha vida uma pessoa que pensa como eu...Meu marido...Ele também tem seus devaneios vinte e poucos anos...

Juntos caminhamos para um reino de luz,

Água, fogo, ar e terra

***********************************
Enfim...acho que já dá pra imaginar como o meu mundo pisciano funciona, né?
~*Fui*~
**~ORAÇÃO AOS ELEMENTAIS~**
*Pequeninos guardiães Seres de luz infinita
De dia me tragam a paz
De noite os dons da magia
Invisíveis guardiães
Protejam os quatro cantos da minha alma
Os quatro cantos da minha casa
Os quatro cantos do meu coração*

clarissa, vinte e poucos anos



Depois de Natalia me chamar, deixar scrap, mandar email e mensagem de celular, cá estou.

Ter vinte e poucos anos é isso: ser procurada em todas as mídias, escrever na internet as idéias os descalabros os sonhos e os sentimentos que não são mais tão doloridos quanto os da adolescência, mas são ainda permeados por muito do que PODE-SE ser.

Pois já somos — acho que aos vinte e poucos temos mais consciência do que somos e do que queremos ser — e temos a vantagem de estarmos ainda inventando o que seremos. Isso eu acredito que devêssemos fazer para sempre... Mas sinceramente, acho que se reinventar é mais "natural" aos vinte e poucos, talvez porque na verdade estamos nos inventando pela primeira vez, depois de sermos o que eram os que de nós cuidavam e depois de negarmos tudo o que essas mesmas pessoas eram.

Aos vinte, somos. A vida me parece, nos últimos 3 anos, tornar-se algo mais definitivo, as escolhas, se não o são, têm mais consequências na nossa própria vida, a qual, afinal pertence a só nós mesmos. Ter vinte e poucos me dá noção de responsabilidade, não essa aí, chamada de chata pelos ados, mas uma coisa que me faz pensar três vezes antes de fazer uma coisa. E ao mesmo tempo, ainda posso às vezes pensar, foda-se, vou torrar tudo, a grana, a vontade, a energia, porque afinal, tenho vinte e poucos anos, não tenho filhos, não tenho grandes obrigações fora umas pequenas contas para pagar, e eu tenho que aproveitar é agora mesmo!

Ter vinte anos é poder arriscar, mas com algum objetivo. O que é, aliás, muito melhor.

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E eu sou Clarissa, prima da idealizadora deste blog a quem também chamo irmã pois nos adotamos mutuamente. Tenho 23 anos, atualmente divido meus dias entre trabalhos freelancers de textos para editoras e o projeto final da minha faculdade de Produção Editorial, uma habilitação de Comunicação Social que quase ninguém conhece, o que acaba sendo bom pois sobra mais trabalho! hehe Estou aqui sonhando em atravessar de novo o Atlântico mas por enquanto me divirto matando ainda saudades dos amigos nos bares, nas casas, nos ateliês de mulherzinhas que andamos fazendo por aí. O que eu gosto mesmo é de tudo o que é bonito e bom mesmo — tenho o mais simples dos gostos, gosto só do que é o melhor. :-) Gosto de escrever para organizar um pouco a cabeça, porque muita idéia junta acaba dando bagunça. E também para comunicar. Esta é minha primeia experiência de comunicação com tanta gente que eu não conheço! Muito prazer!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Vinte e Muitos Anos

Ainda me lembro de entregar os trabalhos escritos no início da faculdade em folha de papel almaço_ que nostálgico. Texto com pauta, capa sem pauta. Pode parecer pré-histórico, mas acontecia até o início do novo século. Depois o computador se popularizou, ficou mais barato e hoje enviamos teses inteiras por e-mail. Carregamos nossas vidas profissionais dentro de um pen-drive (o meu tem 1Gb). Os currículos são entregues por correio eletrônico, sem chance da gente se apresentar pessoalmente, mostrar a pessoa por trás daquela lista de aptidões escrita em arial 12 e impressa em tinta preta.
Pensando nisso, imagino que somos a geração precursora do distanciamento. Ainda não sabemos lidar com a falta que faz ver as pessoas, ouvir a voz delas pelo telefone, escrever-lhes cartas afetuosas. Parece pieguice, mas aposto que muita gente de vinte e poucos anos guarda fotos, bilhetes, cartas e cartões numa caixa no fundo do armário. E vez ou outra dá uma olhadinha pra matar as saudades.
Dizem que a tecnologia veio pra nos dar mais tempo. Para trabalharmos mais... Somos jovens estressados. Mulheres na faixa dos vinte anos em busca de independência financeira que têm medo de admitir o desejo de ter filhos e família. Sabe, aquela coisa tradicional... Homens pós-adolescência estendida sem saber direito o que fazer com o dinheiro que ganham. Afinal, provedor hoje em dia é quem fornece conexão à Internet. Sem notarmos, tudo acaba virando consumo. As pessoas compram, compram e se distanciam cada vez mais.
Muitos falam da importância da família. A manutenção da estrutura familiar foi, por muito tempo, o equilíbrio e talvez a estagnação da sociedade. Conseguiram bagunçar essa estrutura com o divórcio, com a emancipação da mulher e o direito de homens e mulheres de buscarem a tão sonhada felicidade. Acredito que nossa geração esteja no meio do caminho para a definição de uma nova lógica social. Quem disse que seria fácil? Certo, não nos consultaram sobre isso. Nascemos e pronto. Se virem pra consolidar o que conquistamos, diriam nossos pais. É provável que estejamos no meio do furacão.
Admito que agora, já com vinte e muitos anos, a minha ansiedade começa a diminuir. Estou desaprendendo que sou obrigada a resolver minha vida até os trinta. Temos que exercer o direito de escolha que nos foi concedido! Se queremos conhecer outros países, façamos isso! Se queremos casar e ter filhos, qual o problema?! Se desejamos ser bem-sucedidos na carreira que escolhemos, vamos à luta! Conheço de perto a falta de oportunidades e bons empregos. Mais uma coisa que “jogaram” nas nossas mãos. Precisamos criar essas oportunidades também.
Liberdade é isso. Você decide o que fazer e tem que construir a própria estrada.
Não sei vocês, mas prefiro acreditar que vale à pena.
Olá, galera!
Legal está aqui escrevendo sobre nossa idade. Temos que contradizer as pessoas (conheço várias) que chamam nossa geração de "sem conteúdo"!
Valeu pelo convite, Natália!
Beijos.

domingo, 23 de setembro de 2007

O Boneco de Pano



...


"Levado de volta a realidade pelas palavras finais de seu poema, o boneco perguntou-se mais uma vez, como poderia alcançar o chão de forma segura.


Não imaginava que fosse capaz de descer pelo lençol, pois pelo que se lembrava, nunca ouvira falar de um boneco, que fora bem sucedido em semelhante empreitada. O mesmo se dava quando pensava em escorregar por uma das pernas da cama.


Cogitou até mesmo pular, de uma só vez. Mas o medo a respeito de uma coisa desconhecida, chamada morte, lhe impedia de levar a cabo sua idéia.


Não tendo, pois, qualquer plano de como proceder, sentou-se à beira da cama, com os pés a balançar. Ansioso pra que de alguma forma, esperada ou inesperada, uma resposta aparecesse.


-Não seja covarde ! - o boneco ouviu alguém dizer. E por um momento ficou apavorado. Não havia mais ninguém a vista e ele chegou a pensar que sua própria boca houvesse falado por livre vontade.


-Vamos molenga, pule ! - bradou novamente a voz, aborrecida com o susto do boneco. E esse percebendo que sua boca não poderia ser tão mal-educada, perguntou à voz misteriosa.: -Quem está ai?


-Eu – foi a resposta. - Aqui embaixo, perto do pé da cama.


Ao voltar-se pro lugar indicado, o boneco viu uma enorme ratazana. E ela lhe pareceu extremamente feia, embora não conhecesse muitas, pra poder dizer ao certo.


-O que faz ai embaixo? - inquiriu o boneco, curioso e até satisfeito, por ter com quem conversar.


-O mesmo que você ai em cima – retorquiu o monstrengo – Absolutamente nada. E agora desça logo daí.


-Mas como eu posso descer?


-Ora, que pergunta ! Pulando é claro.


-Pulando?! - e em dúvida o boneco coçou o queixo, por um momento. - E se eu morrer?


-Nesse caso não haverá problema. - disse o rato, já um pouco irritado – O problema é se você cair, se machucar muito e continuar vivo. Dizem que dói muito.


Concluindo que o rato tinha uma parcela de razão e confiante de que não se machucaria, por ser feito de pano e algodão, o boneco pulou. E pra um primeiro salto perigoso ele aterrissou de maneira espetacular. De cabeça no chão.


Suspeitando que tivesse morrido na queda, o boneco decidiu não se mover, afinal não sabia muito bem como um morto devesse se comportar.


-Ei molenga. - esbravejou o rato, cheio de raiva por aquela demora. - Vai ficar ai por muito tempo é?


-Só enquanto eu estiver morto – disse o boneco, esforçando pra não se mover muito.


O rato bateu na testa desanimado. Nunca vira ninguém tão tonto. E já tinha visto muitos humanos por ai. Mas sentindo-se um pouco culpado por aquela situação, esclareceu:


-Você não está morto.


-E como sabe?


-Simples. Se você estivesse morto. Haveria um monte de gente por aqui, chorando o quão boa pessoa você era em vida. E quanto pior o seu caráter, mais pessoas estariam aqui.


-Isso é estranho – concluiu o boneco, decidindo que realmente não estava morto, e pondo-se de pé.


-Não é não – rebateu o rato – São as regras.


Enquanto falava, o rato ia em direção a um enorme buraco, que havia na parede. E o boneco, sentindo-se indelicado, alcançou o rato e lhe estendeu a mão:


-Muito prazer – disse ele – eu sou o boneco.


-Não, não, não, não. Está tudo errado. - xingou o rato, movimentando os braços no ar, como se ofendido enormemente por aquelas palavras - Não é assim que se faz. Você tem que seguir as regras. Eu vou te mostrar.


Deu 3 voltas ao redor do boneco, alisou os pêlos da cabeça com a mão e falou, da maneira mais pomposa possível:


-Muito prazer. Eu tenho três bolachas, duas lasquinhas de madeira e 4 restos de queijo. E você, o que tem?


O boneco tateou a procura de algo nos bolsos, mas nem bolsos tinha. Pensou, repensou e não conseguiu pensar em nada. Ao cabo de alguns minutos respondeu, vendo a impaciência nos olhos do rato:


-Eu não tenho nada.


-Nada !?! - explodiu o rato, furioso – E eu perdendo meu precioso tempo com você ! - e súbito afastou-se sem esperar por mais detalhes.


-Ah! - exclamou o boneco, feliz por lembrar-se de algo. E o rato, interessado em que podia ser, parou pra ouvir.


-Eu tenho a minha vida.


-Não conta – atalhou o rato, chateado. - vida não conta.


-E por que não conta?


-E ainda pergunta?! Vida não se hipoteca, não se aluga, nem se vende. Ou seja, não serve pra nada.


-Então não tenho nada – suspirou o boneco, diante de tantos argumentos.


O rato fitou o boneco por alguns segundos, e uma idéia estalou em sua mente.


-Já sei, já sei. Não fique triste, vou te ajudar. - E sem esperar que o boneco, ainda triste, respondesse o rato aproximou-se e de um só puxão, arrancou um dos botões que servia de olho ao boneco.


-Ei ! -berrou o boneco, tarde demais. - o que é que você está fazendo?


-Não seja resmungão – retorquiu o rato e devolveu ao boneco o olho que lhe tirara – pronto, agora você tem um botão.


-Não entendo a vantagem – disse o boneco, aborrecido – agora não tenho um olho.


-Mas você ainda é capaz de enxergar com um olho só. E poderá usar esse botão pra se tornar alguém. Vamos lá, experimente.


O boneco se sentia um pouco frustrado, um pouco desolado, um tanto desorientado, mas resolveu tentar, mesmo que só pra alegrar o rato:


-Muito prazer. Eu tenho um botão.


E o rato aplaudiu bem alto. Enquanto assobiava e corria de um lado pro outro, fazendo as vezes de uma grande plateia.


-Isso ! Isso ! - berrou satisfeito – Viva ! Ele tem um botão. É !!


Para o boneco aquilo não fazia muito sentido. E apesar da agitação do rato, tudo que ele conseguia fazer, era olhar tristemente para seu novo pertence, sem sentir que era alguém por tê-lo. Refletiu que talvez, um olho fosse pouco demais pra ser alguém.


-Eu ainda preferia ter dois olhos. -disse ele por fim.


-Como você é mal agradecido ! Ouça bem, vou te dar um último conselho, porque não estou aqui pra aturar sua ingratidão de graça e um botão não é o bastante pelos meus serviços. - e ao dizer isso o rato começou a se afastar, indo pelo buraco da parede. - Procure a terra dos cegos. Lá você poderá ser rei, e ainda terá um botão, com o qual presentear seus súditos.


Vendo que o rato caminhava depressa, e parecia disposto a ir mesmo embora, o boneco fez uma ultima pergunta:


-Como eu faço pra sair daqui?


-Passe por baixo da porta, e desça as escadas. Depois de outra porta, você estará na rua. -respondeu o rato, já fora de vista, caminhando por algum túnel escuro. - E cuidado pra não encontrar amigos mais caros do que você pode comprar com um botão.


O som dos passos do rato desapareceu rapidamente. E o boneco viu que estava novamente sozinho. Mas apesar de não conseguir explicar, sentia-se aliviado por isso."




Postei a história porque a Natália me pediu e eu não perderia essa chance. Espero que gostem.

Então... vinte anos...

O que é ter vinte anos hoje? Nunca tinha me feito essa pergunta, e depois de fazê-la, percebi que não sei ao certo.

Imagino que ter vinte anos hoje seja viver num paradoxo. O futuro se aproxima na velocidade da luz, e a modernidade toma conta do mundo, com suas super-máquinas que superam as expectativas dos mais empreendedores. Mas a modernidade é toda igual, a globalização causada por ela destrói a diferença e força a estética e a aceitação num único sentido e isso asfixia.

Fugindo dessa opressão, resgatamos coisas de gerações passadas. Desde coisas bobas, como carros e roupas. Até coisas mais profundas, como conceitos e arte. Não que a arte seja temporal, mas isso não vem ao caso.

Além disso, somos fruto de pais que foram oprimidos, que lutaram por liberdade e conseguiram tanta, que se esbaldaram em libertinagem e perceberam que isso não era bom. Nos ensinaram a fazer o que quiséssemos e depois tentaram tomar essa liberdade com desculpas que nem sempre eram fáceis de entender. Sabemos que devemos dosar as coisas, mas não sabemos onde é o limite.

Nem cito a "vida virtual" que se tornou um dos meios mais comuns de convivência, mas é mais presente pra gerações posteriores que pra nossa própria.

Não acho que tenha ficado muito claro, o que eu quis dizer. Mas é mais fácil pensar que traduzir, espero que me perdoem por isso.

Agora citando um ponto bem pessoal. Meus vinte anos chegaram e estão passando lentamente, e eu vou caminhando meio que as cegas, cambaleante. Guiado por sonhos meio turvos, deixando de viver pra imaginar uma vida futura, sem fazer nada de concreto, pra alcançar isso.

Citando a melhor frase de Cowboy Bebop: "Eu sempre imaginei que estivesse vivendo um sonho, do qual não acordava. Quando dei por mim, todos os sonhos haviam acabado."


Espero que não tenha ficado muito confuso.

sábado, 22 de setembro de 2007

Ter vinte e poucos pra mim é...

Citando alguém mais famoso, e sem medo de cair no lugar comum, acho que ter seus vinte e poucos anos é cantar a vida como o cisne canta a morte.

A diferença é saber que na maioria das vezes ainda se vai ter todo o tempo necessário pra fazer tudo com mais calma e é claro, o fato de que o cisne nunca canta antes de morrer, como já foi provado cientificamente. Mas a verdade é que mesmo podendo nós simplesmente não conseguimos esperar.

Ter vinte é também postergar o que tem que ser feito por pura preguiça ou falta de paciência, e ainda assim não sentir a menor dor na consciência por gastar esse tempo com alguma coisa completamente inútil, contanto que seja divertida.

É não ter dinheiro pra comprar cerveja, ou ter dinheiro e não ter tempo por causa da faculdade ou do trabalho. É começar a escolher como você vai viver, correr atrás, querer melhorar e começar a se virar sozinho mesmo que ignorando algumas regras importantes sobre higiene e bem estar comum no caos do seu primeiro apartamento.

É ficar puto com a idéia de beber aquele vinho vagabundo que você bebia aos litros quando tinha 15 anos, ou beber ele e ter uma puta azia no dia seguinte. Preferir ficar sem fumar que comprar Derby Amarelo ou Fly como você fazia quando tinha uns 14 anos e contava moeda pra comprar um maço de cigarros e uma caixa de fósforos.

É já ter achado em algum momento da sua vida que Frozen Gammy ou Porradinha era melhor que água, ou ficar puto quando o cara do bar quer te dar o troco em bala.

Pra mim, ter vinte e poucos anos é ser arrogante. Sim. É ter uma opinião sobre praticamente tudo e defendê-la como uma mãe defende os filhos, é agir como se você fosse sempre mais inteligente e esclarecido do que a maioria, mesmo quando a única coisa que você normalmente leia no jornal sejam os quadrinhos do Angeli.

É também quando você finalmente escolhe os livros que vai ler, e lê por que quer. Ao contrário dos tempos de primário quando lia um livro de 300 páginas e no final não conseguia dizer sobre o que era a história, por que mesmo tendo lido cada palavra estava pensando em milhares de coisas diferentes durante todo o tempo.

É ter disposição e oportunidades de discutir a qualquer momento com qualquer pessoa sobre as coisas mais interessantes ou mais idiotas. É ficar triste por saber que não estava vivo quando o Spectroman passou pela primeira vez, e feliz por não ter sacado o que estava acontecendo em 82 durante o show do Paolo Rossi na copa da Espanha.

É ter tido uma fita cassete de lambada ou balão mágico por mais repugnante que você ache os dois hoje. Ter ido pra escola de Kichute preto, meias brancas, e calça curta, revoltado de não poder ir com um Mizuno roxo e verde feio pra caralho.

É ter ficado feliz pra caceta quando trocou o Atari por um Mega Drive ou Super Nintendo e ter sentido ódio do vizinho endinheirado que depois comprou um Playstation I. É também ter enchido muito o saco da sua família pra que te dessem algum dinheiro pra jogar Street Fighter, Mortal Kombat ou Totó.

É ter ficado puto com a Marvel e com a DC quando eles começaram a matar os heróis e inventar uma porrada de universos paralelos só pra vender mais revistinha, e ainda ter reclamado que as revistas da Vertigo eram caras pra cacete.

É ter ouvido Nevermind ou Appetite for Destruction pelo menos umas 10.000 vezes, mesmo que hoje você ache os dois uma merda. É ter cantado ou tocado uma porrada de músicas do Legião Urbana e do Barão com algum amigo no violão e ainda lembrar o que você estava fazendo quando soube que o Cazuza ou o Renato Russo morreram.

É ser de esquerda, achar e falar sempre que a direita conservadora é formada por um bando de idiotas (até por que de fato é).

É já poder entender o que é ter saudades da infância e ter um pouco daquele saudosismo imbecil que todo mundo tem, mas ao mesmo tempo se sentir bem com isso.

Chavões e clichês a parte é saber que está ficando velho, mas só ter preocupação com isso enquanto você está ficando bêbado e relembrando o passado com algum amigo em algum boteco bem sujo.

soy un monstruo de dos cabezas - texto breve.


jornalista por formação. cineasta de coração. atuação. alguns dizem que escritor. isso. pelo (mal) hábito de destilar prosas por aí. assim sendo. componho o aglomerado terra plana de literatura. grupo literário. grupo que acomete contos. contos por terras planas. campos dos goytacazes. norte fluminense. rio de janeiro. e como tal. gosto de experimentar. experimentar as possibilidades da linguagem. assim mesmo. tudo minúsculo. muitos pontos. sem vírgulas. acessórios. tudo corrido. alexandro F. assim me chamam. um existencialista em descaso. desuso. vivo a vida como se fosse uma guerrilha. assim. un monstruo de dos cabezas.

Uma nuvem...

"viver tão só de momentos, como estas nuvens no céu..." {Quintana}

Como uma nuvem num pedacinho de céu... Assim que gosto de me imaginar desde que descobri Quintana e seus versos...

Cláudia, ou Claudinha, como no mínimo 90% das pessoas costuma me chamar... Completei duas décadas no início deste ano, alguns dias antes de terminar o verão... Até hoje acredito que nasci na estação errada do ano pois meu mundo é muito melhor quando os caminhos estão repletos de folhas secas caídas ou totalmente encobertos de neblina...

Moro numa cidadezinha da serra gaúcha chamada Nova Petrópolis, um completo paraíso aos meus olhos... Não exatamente pelas pessoas, mas pelas cores e formas que enxergo ao meu redor... Ou ainda pela brisa, pelo aroma que sinto ao encher meus pulmões de ar... Ou quem sabe pela neblina que encobre tudo em alguns minutos durante o inverno, ou pela indescritível beleza natural... Enfim, não sei ao certo o que me fez apaixonar por este lugar, mas desde que isso aconteceu faço dele o meu pedacinho de céu...

Trabalho em uma escola, pertinho das crianças... Sou apaixonada pelo olhar puro, doce e sincero de cada uma delas... Sou estudante do 8º semestre de Administração, embora isso ainda não signifique estar me formando pois tenho no mínimo mais 3 semestres pela frente... Acho que escolhi o curso mais por revolta com a situação do que por me identificar com alguns conceitos antigos do que é administrar... Com vontade de fazer alguma coisa pra mudar todas essas previsões tão depressivas e convenções tão absurdas... Na verdade essa indignação tomou conta de mim após ouvir um professor dizer que "administrador precisa sentir com o fígado e não com o coração"... Será que é por isso que o mundo anda tão desumano..?!

Tenho um sexteto de vícios que já fazem parte do meu ser: livros {bons livros... daqueles que se pode absorver uma quantidade incalculável de conteúdo}, músicas {daquelas que a letra soa como uma perfeita poesia, formando com a melodia uma mistura tão homogênea que é impossível separá-las}, filmes {daqueles que conseguem fazer aflorar em mim as mais diversas sensações}, escrever {uma tentativa de transformar sentimentos e pensamentos em palavras}, chocolate quente {a perfeição... o sabor do chocolate com o aconchego da fumacinha que sobe da xícara nos dias frios do inverno} e Trident Freshmint {sem muita explicação mas sempre há uma cartelinha deles comigo}...

Quintana é o poeta que me descreve, que descreve meu mundo... e Gessinger é responsável por minha trilha sonora... {além deles há muitos... um para cada momento da minha vida de nuvem... mas sem estes, minha história não acontece...}

Cheguei aos 20 anos com medo de um dia apenas sobreviver... Foi por isso que me transformei em nuvem e busco desta forma viver, da melhor forma possível, cada momento... Sinto um frio na barriga do futuro, da insana velocidade com que tudo flui hoje... Da banalização dos sentimento... E do tempo... Do tempo que domina cada um de nós sem muitas vezes percebermos...

Cheguei aos 20 com uma lista enorme de coisas por fazer, de sons por descobrir, de livros a ler... Com saudade de coisas que não vivenciei, de uma época que passou e que talvez jamais tenha existido de fato... Sou saudosista, com um sentimento de quem nasceu na época errada... De quem não pôde viver na época em que os livros, as músicas, os filmes, as pessoas tinham conteúdo; conteúdo de valor... Com a sensação de ter deixado escorrer por entre minhas mãos tantos anos, tanta vida... de que não haverá tempo para tudo que quero viver... e em contraste, a sensação de que tenho muitos anos pela frente ainda...

Cheguei aos 20 querendo aproveitar a liberdade ao máximo... presente nos dado por gerações passadas, conquistado depois de muita luta... querendo ser, como nas palavras de Bono, "a singing bird in an open cage... who will only fly, only fly for freedom..."... Querendo acreditar no futuro e ainda mais, fazer algo por ele... Querendo acreditar no ser humano... Num ser humano de fato, humano...

Bah, é preciso dizer... Minha vida é pontuada por reticências... Para mim, esta é a melhor pontuação já criada... Sim, sou viciada no trio simpático de pontinhos... Como disse Lavoiser: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"... Na minha vida é assim, as palavras, os pensamentos e idéias nunca se concluem definitivamente... Sempre silenciam em três pontos enquanto procuram ou esperam por outra pontuação... Que pode ou não aparecer...

Claudinha...assim que no mínimo 90% das pessoas me chama... Talvez pelo fato de que dentro de mim, até hoje, vive uma criança de maria chiquinha e pés descalços, correndo pela rua atrás de borboletas...

{sim... eu tenho o "péssimo hábito" de escrever muito... demasiadamente... costumo me desculpar dizendo ser culpa das reticências...}
Ponto.ponto.ponto.

O que é ter vinte e poucos anos nos dias de hoje?

Eu tive a idéia, propus o tema, mas ainda não escrevi sobre ele. Para mim, pensar e relativizar algo que estou vivendo, é ao mesmo tempo normal, e absolutamente difícil... Daqui a uns vinte anos provavelmente vou lembrar do que escrevi e tecerei uma tese absurdamente incrível do que era ter vinte anos na era da impermanência digital... Caramba, isso foi o título da minha prova de Metodologia de pesquisa, mas o tema era direito autoral, e não ter vinte anos.
Será que a tal impermanência digital me persegue? Sim, me persegue! Ao escrever sobre meus vinte e poucos anos, exatos cinco, no mundo de hoje, a única palavra que salta aos meus olhos, e salta, faz piruetas, tenta me chamar atenção de toda maneira, é a fadada a ser exaustivamente repetida palavra Impermanência. Assim mesmo, com letra maiúscula, como tudo que incomoda tem que ser. Maiúscula, maior, preponderante.
Digo impermanência porque estou aqui, agora, sentada na minha cama, escrevendo no meu notebook, com a cabeça neste assunto, mas logo em seguida aperto Alt + Tab e poderei estar em qualquer lugar do mundo. Em pensamento...
Não nasci na era digital, mas definitivamente pertenço à ela. Meu primeiro curso de informática foi aos nove anos, num PC-500, com tela verde, e Carta-certa e Lotus 123, precursores do Excel e Word, que eu no alto dos meus nove anos de vida, jamais imaginaria ver...
Meu primeiro vídeo-game foi um Atari. Sim amigos, eu adoro tecnologia, desde pequena. Chorei por dois dias inteiros quando troquei meu Phanton System por um Super Nintendo. Sentia falta dos Simpsons, mas o Mário Kart salvou minha vida, e me fez desistir de dirigir pra sempre. Ou até daqui a alguns meses. Vivemos na era da impermanência, inclusive do "pra sempre". Este não existe mais.
E por falar em pra sempre, continuo acreditando no viveram felizes pra sempre. E meu príncipe encantado pode ser um Par Perfeito, ou uma Alma Gêmea, todos sites de relacionamentos...
Meu primeiro namorado conheci jogando sinuca, os outros dois, jogando conversa fora, na internet, claro. Não acredito em namoro virtual, mas namoro através do virtual. Para mim, não há nenhuma diferença entre conhecer o cara num balcão de bar ou num balcão de negócios de uma agência casamenteira. O que importa vem depois, vem do permanente, no mundo das coisas que perecem... E estes pereceram.
Acredito em amor eterno, mas não em convivência eterna. Vivemos na época dos quereres, dos prazeres, do individualismo existencial e desejoso. Queremos a todo custo sermos felizes, e isto, quando inclui um outro ser, é um perigo. Não há felicidade completa quando se quer ser feliz. Assim como não há felicidade completa quando se quer outro ser, apenas quando se aceita a companhia de outro alguém nos nossos quereres.
Na era da impermanência, ter vinte e poucos anos é saber se adaptar, evoluir. Meu signo é leão, meu horóscopo chinês é cachorro, mas vocês sabem disso, o Blog faz questão de divulgar. Quem é meu amigo no Orkut sabe que sou duas pessoas, uma delas se chama Alice, e vive presa a um mundo de maravilhas, insanas, que não consegue esconder. Quem é meu amigo de escola sabe que escrevi um livro, mas o rasguei, e sabe que agora os outros mil livros que escrevo são mentais. Quem é meu amigo de faculdade sabe que odeio meu trabalho, mas nada faço para me livrar dele, sou a Inércia em pessoa, com letra maiúscula, novamente... Mas além de inerte, sou transparente, e a chave neste mundo atual é essa, ser transparente, não ter medo do que é, porque o mundo de hoje nos permite ser qualquer coisa, mas esse qualquer coisa que somos é de conhecimento desse mesmo mundo, Todo. E podemos nos aprisionar nesta casca internauta e virtual e jamais nos lembrarmos de quem fomos um dia.
Eu prefiro ser o que eu sou. EU, com as duas letras maiúsculas.