segunda-feira, 1 de outubro de 2007

antes tarde do que Lucas


"Senti o meu, o teu, o deles

Senti e vi nossos corpos, animados por nossas almas

De certa forma éramos uma alma só

Alma de criança que brinca, chora, assusta, faz manha e pirraça"

"Criança que quer atenção. Criança que brinca com todo mundo. Criança que não brinca. Criança que brinca só."

Lucas era um cara assim, não gostava muito de se abrir, guardava algumas coisas porque via que as pessoas tinham problemas tão maiores que os dele eram pinto, o que de certa forma foi muito bom, assim, ele mesmo parava de pensar nos problemas dele como problemas, mas sim como coisas que vão, passam, acontecem e desacontecem.
O que acontece é que Lucas percebeu que faltava alguma coisa, ele já cuidava de si, aprendeu meditação e outras praticas. Sentindo-se cada dia mais livre. Um dia, puft! Tudo parou... Ele começou a ficar meio chateado de novo, borocoxo, pensando nos problemas...
Ate que uma amiga o convidou para uma nova experiência. Ela o convidou para um lance doido ai de uma roda, com um nome estranho. Ele confiou, afinal essa amiga nunca o colocava em roubadas, alias, ela tem é muito bons palpites.
E lá foi ele de sopetao, caiu no meio de uma sala com o piso de madeira. As paredes eram de tijolo, daqueles antigos sabe? Quando abriram a porta, no entanto, não foi isso a primeira coisa que ele viu. Ele viu mesmo um monte de gente jogada no chão, rastejando, se mexendo, fazendo movimento ao deus dara. Imediatamente ele quis se jogar naquela madeira toda, a sala era grande e tomada de gente, de corpos vivos, muito vivos. Ele se jogou ali também. E ali ele viu que na verdade, no momento em que ele escolheu se jogar naquele chão, que ele resolveu somente ir, deixar levar por si mesmo, ele percebeu também que a sala já não era sala, que as paredes já não pareciam estar lá. Ele sentiu seu corpo, mas ao mesmo tempo seu corpo não estava ali, porque o que ele julgava ser ele mesmo já não estava ali também. Ai ele foi percebendo que ele era muito mais, que seu corpo fazia todo o sentido do mundo, mas que ao mesmo tempo desaparecia nas ações e diante de tantos corpos entrelaçados. Mesmo quando ele não estava ali no bolo de pessoas emboladas, que riam, emitiam sons, pulavam; ele observava e ele estava lá também. E ai, quando a vontade não podia agüentar mais, ele se jogava num movimento, qualquer um, com as pessoas, sem as pessoas, consigo mesmo.
foram 4 horas de Lucas sem Lucas, e de Lucas com uma coisa assim, mais Lucas sabe? Então Lucas viu, sentiu, percebeu, que ele já nem era mais tão Lucas, nem mais tão importante. E entendeu o que faltava. Lucas sentia falta, falta de ser quem ele sempre foi, quem ele era quando ainda não falava, não julgava, brincava e fazia sons esquisitos, se jogava no chão, fazia manha e não ligava pra o que os outros pensavam. Esse era o Lucas que ele queria ser e isso era o que lhe estava faltando.


"Quero me embrenhar nos seus cabelos cheirosos

Para sentir a sua vibração que vibra como a minha,

Mas é diferente...

Quero acariciar seus cabelos cheirosos

E sentir de novo que sou bem vinda

Quero ser bichinho, criança, pássaro, carinho

E só lembrar do cheiro dos seus cabelos emaranhados com os meus"

2 comentários:

Nat disse...

Cris, adorei! Uma beleza singela, parabéns!

Anônimo disse...

eu tambem, foi lindo esse dia!