quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Sexo e Casamento


De acordo com o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, os homens entre 18 e 25 anos afirmam ter 4,2 parceiras sexuais durante um ano. Parceira sexual é mais do que uma transa de apenas uma noite, é alguém com quem o encontro teve alguma seqüência. Já as mulheres dizem ter 1,6 parceiro sexual anualmente. Se imaginarmos que essa garota começa a vida sexual aos 15 anos e se casa aos 27, ela poderá ter 19 parceiros até trocar alianças. Um quadro bem diferente do passado. Quarenta anos atrás, a moça transava pela primeira vez aos 22 anos com o namorado com quem se casaria ou, no máximo, com alguém que imaginasse ser o príncipe encantado que a levaria ao altar. Segundo os especialistas, nunca em nenhuma época da era contemporânea o sexo esteve tão desvinculado do casamento.

O curioso é que essa geração nasceu e/ou cresceu diante da propagação da Aids, mas a doença não pôs um freio na multiplicidade de parceiros, como se imaginava. O jovem domina plenamente os meios contraceptivos – embora nem sempre os utilize corretamente – e a liberdade sexual cresce de forma avassaladora. “Foi mal veiculada e mal captada a mensagem sobre a Aids. Enquanto se divulgava “não transe sem camisinha”, a garotada entendia “use o preservativo e faça sexo”. Foi um convite para o sexo sem preocupação”, opina Carmita, da USP.

O ambiente erotizado da juventude de hoje favorece essa ebulição sexual. No fim dos anos 80, a nudez nas novelas e a genitália exposta no Carnaval arrepiavam muitas famílias e geravam polêmica. Hoje, ambos ganham closes cada vez mais ousados na tevê. Na internet, o jovem encontra sexo protegido, de fácil acesso e, por meio dela, também agenda encontros. Mais: para dar o toque de fantasia, uma conotação festiva, a esse encontro, pode recorrer aos sex shops, que deixaram o submundo e estão cada vez mais visíveis nas esquinas das grandes cidades.

Com tantas possibilidades, não passa pela cabeça dessa juventude unir-se a outra pessoa para ter atividade sexual ou se libertar dos pais, como ocorria antes. Com isso, o casamento deixou de ser a espinha dorsal em torno da qual se desenha uma trajetória. A jornalista paulista Denise Molinaro, 31 anos, recebeu cinco pedidos de casamento (aos 19, 22, 26, 27 e 30 anos) e recusou todos. “Quero casar somente depois dos 32”, afirma ela. “Minha mãe fica horrorizada, mas sempre pensei assim. Tenho de crescer profissionalmente, viajar, conhecer lugares e pessoas antes.”

Psicoterapeuta e professora titular em relações de gênero da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Noeli Montes Morais é autora do livro Fica comigo para o café da manhã, que nasceu da tese de doutorado Sapos não viram príncipe, defendida por ela. “Percebi que a mulher entre 20 e 30 anos, após uma noite de amor, queria que seu parceiro ficasse para o café, mas não necessariamente para o almoço”, diz Noeli. “Significa que deseja uma relação estável até certo ponto. Porque não tem a expectativa de que o casamento, o amor se perpetuem para sempre.” Para a psicóloga Márcia Bittar Nehemy, da PUC, o jovem está reinventando novas fórmulas de manter vínculos com outras pessoas. “Quando ele diz que não quer casar, foge, na verdade, do modelo de casamento tradicional, aquele que oprime, usurpa, dá direito à herança e à divisão de bens materiais”, afirma ela, especialista em sexualidade humana. “Mas viver aos pares é visceral, algo acima da racionalidade de não querer se juntar a alguém.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Moçada dos 20:

Parabéns, li todos os textos e são inteligentes e divertidos o que é dose em dupla do que é bom na vida.

Beijos,

Sonia